Bright Lights: Eric Clapton em São Paulo
Publicada em 29, Sep, 2024 por Marcia Janini
Na noite do último sábado, 28 de setembro, Eric Clapton um dos maiores guitarristas da história da música, conhecido mundialmente por sua versatilidade em estilos como o blues, jazz e vertentes clássicas do rock, chega a São Paulo para mais um show de sua tour mundial, após passagem por capitais como Rio de Janeiro e Curitiba.
Abrindo a noite, o versátil e criativo Gary Clark Jr., sobe ao palco por volta das 19h30 ao som de "Maktub" acompanhado pela banda formada por exímios músicos, onde a perícia e técnica se aliam à carismática presença do intérprete.
Trazendo a swingada melodia pautada na fusão entre jazz e blues de "This is Who We Are" surge mais um importante momento do show de Gary, finalizado com inspirada jam session, onde o instrumental se alia ao fraseado vocal jovial e firme de Gary. Afinadíssimas, as backing vocals apoiam as conversões ao refrão, para um alegre momento da apresentação.
"What About the Children", composição conjunta com Stevie Wonder, traz a guitarra distorcida de King Zapata em cromatismos belíssimos, extraindo a gostosa melancolia do blues com propriedade, aliada à potente bateria de conversões nada óbvias de JJ Johnson, em intenso diálogo com o malemolente baixo de Elijah Ford, que explora em tonalidades dub grande diferencial na linha melódica adotada. Permeando com charme, o teclado de Dayne Reliford com acordes em notas suspensas traduz aura de mistério, aliando-se aos pedais de efeito wah da guitarra de Gary. Amazing!
Melodiosa em cromatismos de notas encadeadas "Bright Lights" traz na guitarra semi-acústica do talentoso Gary Clark mais uma incrível performance, onde o músico ensaia os primeiros acordes em crescendo, com agilidade e destreza, que reinam absolutos na introdução de uma balada pautada no pop com suaves elementos de reggae, bem pontuados pelo cadenciado constante da bateria de JJ Johnson e pelo fraseado vocal ralentado.
Em mais uma canção trazendo o apelo marcante do blues, "Habits" aponta o belo trabalho do baixo de Elijah Ford no contraponto, onde os tambores tribais apoiam a marcante percussão. Em vocalizes de intensa beleza, surge a singeleza da letra, executada com perícia em modulações intensas por Gary e suas incrivelmente afinadas backing vocals. Momento introspectivo que verticaliza no poderoso instrumental em crescendo, onde as variações dinâmicas intensas permeiam o andamento da melodia, emprestando colorido extra à canção. Amazing!
Subindo ao palco rigorosamente às 21h00, Eric Clapton inicia sua apresentação ao som do grande hit da carreira, junto ao Cream, "Sunshine of Your Love" onde a fusão do blues ao toque gostoso do rock de linhas clássicas surge bem pontuada pelos belíssimos cromatismos da guitarra distorcida de Doyle Bramhall II, com ascendência nas pontes entre refrão e estrofes e com o swing gostoso do baixo em doom... Primoroso, o trabalho da bateria cadenciada de Sonny Emory em ousadas conversões, fazem deste mais um clássico atemporal. Dividindo os vocais com Clapton o exímio baixista Nathan East. Perfect!
Na sequência "Key to the Highway", releitura para sucesso de Charles Segar, na cadência do blues, surge pontuado pelo teclado em standard de Chris Stainton, onde os dedilhados acordes pontuam com graça à melodia, em correspondência com a bateria em cadenciado constante. Em acordes precisos das cordas encadeadas, guitarra e baixo dialogam com intensidade na porção média da canção, para mais um instante intenso da apresentação.
Na cadência marota e cheia de sensualidade do blues de linhas clássicas, "I'm Your Hoochie Coochie Man" traz o gostoso andamento ralentado apoiado pelo baixo em contraponto à bateria. Esbanjando técnica e agilidade o piano de Tim Carmon traduz o encanto de arranjos de grande valor estético, explorando festiva aura em ágeis dedilhados. Completando a melodia de forma pontual, o coro das backing vocals Sharon White e Katie Kissoon traduz a força do soul à melodia.
Mais uma melodia delicadamente dançante "Badge" traz o apelo do soul à roupagem pop, traduzindo breaks estratégicos que apoiam a força do refrão... Na finalização, solos da guitarra de Clapton exprimem um pouco de sua destreza em franco diálogo com os perfeitos teclados hammond de Chris Stainton.
Em versão acústica e intimista, apenas conduzida por voz e violão, Clapton traz os reflexivos versos de "Kind Hearted Woman Blues" onde a simplicidade do momento ambienta o descontraído clima de entrega e partilha com seus fãs que, entusiasmados, acompanham com palmas, marcando o pulso da melodia. Interativo instante do show!
Para a linda balada "Running on Faith" mais um hit da carreira, o acompanhamento suave da bateria de Sonny Emory se alia à suavidade dos vocalizes das backing vocals Sharon e Katie em coro, permeando a singela e calma performance de Clapton, extraindo melodiosos acordes do violão.
Outro grande hit surge na releitura da clássica "Change the World" de Wynonna Judd, releitura de sucesso realizada por Clapton nos anos 1990, em blueseira versão, também acústica, trazendo andamento um tanto mais ágil dos violões em relação à versão anterior, com delicioso acento no r&b, bem pontuados pelos acordes de violão e guitarra, em diálogo com o baixo contrapontístico de Nathan East e a bateria cadenciada e firme de Emory.
Mais um sucesso na cadência malemolente do blues, "Nobody Knows You When You're Down and Out" de Jimmy Cox, com suaves acentos no country e no soul, traz a beleza do cânone das vozes das backing vocals dividindo os vocais com Eric, que traduz a brejeirice do country com maestria no fraseado vocal e nos dedilhados do violão.
Para "Lonely Stranger" de andamento ralentado, Clapton traz suaves dedilhados do violão, onde o soul/country novamente se encontram em tonalidades suaves, traduzindo sofisticação na adoção precisa de recursos estilísticos simples, em mais um precioso momento da apresentação.
Com suaves influências no jazz e na bossa nova "Believe in Life" traduz ao fraseado vocal e à condução instrumetal simples a propriedade e beleza de uma canção ensolarada, e delicadamente dançante. Digna de menção, a guitarra de Doyle Bramhall II permeia em cromatismos suaves a canção.
Após a execução de "Tears in Heaven", surge a introdução para a swingada "Got to Get Better in a Little While" onde para a cadência pop de andamento ágil, os teclados hammond de Stainton realizam um belo diálogo com o baixo em dub step de East, traduzindo à dançante melodia aura festiva, em meio aos acordes intensos e dedilhados da guitarra de Eric Clapton. Digna de menção a finalização exímia da bateria de Sonny Emory, em uma verdadeira aula de condução instrumental. Great!
Após mais um introspectivo momento na execução de "Old Love", onde Clapton mais uma vez demonstra toda sua maestria na condução da guitarra melódica, com o especial solo de teclado de Tim Carmon na finalização, surge "Cross Road Blues" bem pontuada pelos acordes introdutórios da guitarra de Clapton, permeados com graça pelo teclado em tonalidade standard. Mais uma vez o coro das backing vocals traduzem todo o charme do soul aos swingados refrões.
Mais um dorido blues clássico surge na execução de "Little Queen of Spades" trazendo o acento delicado do samba de bossa nova, permeado com magistral elegância pelo baixo em dub e pelo cadenciado da bateria, trazendo o acento ralentado e pontual da marcha-rancho nos afretados da caixa. Lindamente acompanhado pelas palmas do público, o interativo momento surge como um prêmio, antecedendo a celebrada "Cocaine". Great!
Para o momento do bis, a canção "Before You Accuse Me", com a participação especial da guitarra de Gary Clark Jr. somando-se à banda de Clapton, encerra com brilhantismo o show. Memorável!
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