Pedro Mariano: Mais que um interprete, Um Produtor de Emoções
Publicada em 12, Apr, 2016 por Mumu Silva
Clique aqui e veja as fotos deste show.
O cantor Pedro Mariano, se apresentou no Tom Brasil quinta-feira (07/04), em São Paulo com seu show: Pedro Mariano e Orquestra. Mostrando uma maturidade vocal e uma simpatia digna de alguém de bem com a vida, ele prova que é sempre possível elevar o nível da música, mesmo aquelas que já nasceram maravilhosas.
Muito bem vestido e elegante, com um termo chumbo e uma lindíssima gravata vermelha de tom claro, o cantor sobe ao palco da casa de show para encontrar um público ansioso e tão elegante quanto ele, mostrando que o clima da noite era de gala.
O DVD, “Pedro Mariano e Orquestra” foi lançado em 2014 e o setlist segue exatamente a ordem do disco. Quem vai ao show esperando surpresas, não encontra no setlist, mas encontra um músico livre, apesar de regido por um maestro e seguido por uma orquestra.
Esse disco está na minha estante desde seu lançamento, e confesso que tem sido um dos que mais tenho escutado nos últimos meses. Meu serviço de streaming de música não me deixa mentir. Sendo assim, impossível não comparar ambas as performances, a gravada em mídia e esta do show, “totalmente ao vivo”.
O disco mostra a maturidade do cantor, desde a escolha das músicas, até a escolha pela produção, músicos e maestro. Os arranjos são colocados de maneira perfeita ao seu timbre, tom e extensão vocal. É possível sentir a facilidade ao cantar músicas de Lulu Santos, Jair Oliveira e o desafio de cantar músicas de Roberto Carlos e Djavan. Que fique claro que em nada menosprezo os músicos citados, eu sim elogio o potencial de entrega do cantor em tão distintas interpretações, e de sua qualidade vocal, que deixa claro que esse é o tipo de projeto que só poderia ser executado por um músico experiente.
Devo ser sincero que o disco mesmo ótimo, tem um descenso e vai se tornando cansativo, especialmente um pouco antes do fim do seu terceiro quarto de execução. Eu fui esperando essa queda no show, mas fui surpreendido. O show vai ganhando mais e mais força ao longo de sua execução. Pedro Mariano é o tipo de pessoa simpática que conta boas histórias, faz comentários pertinentes e isso deixa o ritmo do show maravilhoso, o tempo voa.
Fico imaginando se ele fosse um cantor americano, italiano ou de qualquer outra parte do mundo, ele seria colocado no patamar dos grandes interpretes, liderando listas da Billboard e lotando shows em Las Vegas, mas por aqui, apesar de um grande público fiel e cativo, ele é costumeiramente lembrado como filho de Elis Regina ou irmão de Maria Rita. Ele em nada perde para Michael Bublé por exemplo.
O ponto alto do show é a sua interpretação da música “Um pouco mais perto”, inédita composição de Ana Carolina. A música cresce a cada acorde, o peito estufa e os olhos marejam, impossível não se emocionar.
Se fosse eleger um ponto negativo, seria sua versão da música, “Sangrando”, de Gonzaguinha. A versão de Pedro Mariano é extremamente técnica me deixa levemente frustrado, pois quando espero aquela explosão e aquele rasgado característico do filho de Gonzagão, ele não vem e continua sem vir até o final da música, deixando uma sensação de vazio muito grande. A música é muito bem arranjada pelo maestro Otávio de Moraes e suavemente executada na voz de Pedro Mariano.
Gonzaguinha foi um leão livre na savana, e em meu pobre entendimento, suas músicas devem ser sempre rugidas, rasgadas na alma, na garganta, choradas e gritadas, e não suavemente cantadas por um rouxinol de peito amarelado, como Pedro Mariano.
Pedro Mariano é mais do que o segundo filho de Elis Regina, ele é a síntese da técnica e elegância vocal, do controle musical, da habilidade ímpar de dar vida, beleza e emoção a músicas que já nasceram maravilhosas, é nosso Michael Bublé, é artista ímpar, intimista e companheiro. Se você ainda não deu oportunidade a ele, deixe-o entrar sem bater em seu player e em seu peito, pois Pedro Camargo Mariano, com certeza, é muito mais do que um interprete, é um produtor de emoções, agora divinamente orquestradas. Que sua elegância musical seja eterna.
|