20 anos de grunge e rock´n´roll: Pearl Jam no Morumbi
Publicada em 07, Nov, 2011 por Marcia Janini
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Na última sexta-feira, 4 de novembro, o estádio do Morumbi em São Paulo recebeu cerca de 63 mil pessoas para assistir ao segundo dia de apresentações em São Paulo da turnê em comemoração aos 20 anos de carreira do Pearl Jam, uma das bandas ícones do movimento grunge no início dos anos 90.
O show já principia com ousada introdução, onde uma clássica valsa ao piano, suave e diáfana, executada com precisão por Boom Gaspar, antecede a primeira canção, a clássica “Go”, um hino à rebeldia com grande peso, andamento acelerado com ascendências no punk/hardcore, incendiando a platéia... Ou seja, já nos primeiros minutos, denotou-se que várias surpresas e momentos inusitados ocorreriam durante o espetáculo.
“Do the Evolution”, outro grande sucesso, traduz às guitarras de Stone Gossard e Mike McCready afinação aguda remetendo ao classic metal, com incursões pronunciadas em andamento hardcore, por meio do baixo pontuado de Jeff Ament.
Com projeção vocal de Eddie Vedder em tonalidade gutural, “Severed Hand” surge na cadência do punk determinada pela excelente condução da bateria cadenciada de Matt Cameron, em mais uma bela execução instrumental da banda.
Uma das canções de grande sucesso, “Hail, Hail” surge fidedigna ao original de estúdio em sua execução, em um dos pontos altos da apresentação, com grande resposta positiva do público.
Na cadência do ska/punk, “Got Some” remete aos clássicos do punk rock da primeira geração, pela perfeita, cadenciada e ousada condução da bateria de Cameron em ousadas conversões e pela estrutura cíclica em intensidade e andamento da melodia, em mais um feliz momento do show.
A balada introspectiva, com introdução da guitarra dedilhada em acordes solapados de McCready, traduz aura de densidade à “Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town”, determinando a tendência grunge, de influências no depressivo universo dark do post-punk.
“Wighlist”, simples e bela na construção dos tons doces e suaves de sua melodia, contrasta com o vocal de empostação melancólica e rascante de Eddie. Introspectiva, com letra rica e bem construída, a canção determina belo momento do espetáculo. Os vocalizes doridos na finalização ampliam a atmosfera de sentimentalismo, sem descambar no clichê.
A junção em mini pout-porri entre “Not For You”/ “Modern Girl” surge com letra cáustica entre depressivos acordes, em belíssima construção estilística da melodia... Os solos de guitarra, contrastando as diatônicas ascendentes ao baixo rascante de Jeff Ament na conversão ao refrão realiza inversões com grande propriedade nos movimentos da canção, em interessantíssimas e vigorosas variações de andamento e cadência, promovidas pelos hábeis músicos, com participação intensa do público. Belíssimo momento da apresentação!
Após suave pausa, “Just Breathe” traduziu um ar brejeiro, extraído do country/ folk nos belos e melodiosos acordes do violão de aço executado por Vedder, traduzindo introspecção ao início da segunda parte da apresentação, com andamento ralentado e solo dedilhado na finalização.
“Why Go”, já principia ascendendo logo aos primeiros acordes para um pesado andamento heavy, determinado pela enfurecida bateria e pela afinação em rascantes glissandos das guitarras. O baixo em dub de Ament complementa e dosa a intensidade da excelente melodia. A onda de verticalização do refrão traduz com maestria a força crítica e ousada inserida na melodia, do mais puro rock n`roll.
Além destas canções, outros sucessos foram contemplados pelo seleto set list apresentado pela banda, representando uma miscelânea de todas as fases de sua carreira, como “Gonna See My Friend”, “Amongst the Waves”, “Unthought Known”, “Once”, “Black”, “Stale of Love and Trust”e “Jeremy”.
Para o momento do bis, foram reservados grandes sucessos que obtiveram expressiva repercussão nas mídias audiovisuais brasileiras, como “Last Kiss”, um inusitado pout-porri entre “Betterman”, “Save it for Later” e inserções de acordes da melodia de “Wanna be your Boyfriend”, clássico punk da banda Ramones.
O pop/rock de “Spin the Black Circle”, traz divertida finalização com improvisos e variações em tonalidade e andamento, seguida pela clássica “Alive”. Encerrando com maestria e grande propriedade, releitura de “Baba O’Riley”, grande sucesso da banda inglesa “The Who” nos anos 70.
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