An Evening With Machine Head em São Paulo
Publicada em 31, Oct, 2023 por Marcia Janini
Na noite do último domingo (29/10), o Machine Head realizou mais um show de sua turnê "An Evening With Machine Head" em única apresentação no Tokio Marine Hall, em São Paulo.
Abrindo as apresentações da noite, por volta das 19h15, a banda paulistana Project 46 trouxe seu heavy metal pesado e visceral, em uma apresentação super dinamizada, explorando a agilidade instrumental do andamento frenético. Matador!
Subindo ao palco às 20h45, ao som de "Imperium", o Machine Head traz o instrumental forte da bateria em condução cadenciada nas conversões ao refrão, aliadas ao contundente baixo em doom. Frenético, o dedilhado da guitarra melódica em intenso diálogo com os acordes rascantes da guitarra rítmica traduz estudada dissonância. Repleta de variações dinâmicas e breaks estratégicos, a melodia apoia com propriedade o vocal bem colocado de Robb Flynn, em guturais e modulações intensas.
Para "Ten Ton Hammer", o cadenciado da bateria e o fraseado vocal sugerem a fusão entre o hardcore/ doom metal e sonoridades urban extraídas da black music, numa composição dinâmica e repleta de personalidade. Infernal, a bateria de Matt Alston segue traduzindo condução diferenciada.
Em "CHØKE ØN THE ASHES OF YØUR HATE", mais uma melodia pesada, onde a poderosa linha adotada pelo baixo de Jared MacEachern surge apoiando a bateria na manutenção da alquebrada cadência. Em crossover, o vocal gutural de Flynn traduz toda a visceral aura de atitude, entremeada pelas rascantes guitarras no refrão. Amazing!
Em frenético andamento já na introdução, bem pontuada pela bateria de andamento ágil, "Now We Die" traz ainda o furor da guitarra rascante de Vogg Kieltika, aliada aos glissandos do baixo em doom e ao vocal límpido, claro e cheio de boas modulações de Robb, para uma melodia levemente suavizada, denotando bom diferencial na apresentação.
Na cadência frenética do nu metal, "The Blood, the Sweat, the Tears" surge traduzindo atmosfera desenvolta, um tanto descontraída, seguida por "Take My Scars", uma melodia com introdução pautada no heavy metal de linhas clássicas, ascendendo para o fraseado cadenciado do rap, em meio ao forte instrumental e às bruscas variações dinâmicas desenvolvidas pela bateria de Alston. Guitarras em dedilhados que exploram intrincados cromatismos arrematam o bom momento da apresentação.
O hit "UNHALLØWED", descende em dinâmica, apresentando nas estrofes andamento ralentado, pós a rascante explosão do diálogo entre guitarras e baixo na introdução, em um momento mais suave na dinâmica e linearidade do show. Intensos e ágeis, explodem os cromatismos em semicolcheias da guitarra de Robert Flynn na ponte entre estrofe e refrão, denotando todo o talento e destreza instrumental de Robb.
Em "None But My Own", mais uma canção com ares de hino e intensa participação do público, apresenta a brilhante condução da bateria de Matt Alston, ladeada pelo intenso diálogo entre guitarra rítmica e melódica, em dedilhados profundos e rascantes ágeis, aliados ao fraseado ralentado do rap, no melhor do estilo nu metal. Great!
Na execução de "Take My Scars", surge mais um bom momento do espetáculo, onde a suavidade inicial da introdução ascende para a visceralidade da dinâmica instrumental, crua e ácida, emoldurando com precisão o vocal gutural de Flynn. O baixo de MacEachern em doom acompanha a evolução em cascatas sonoras da bateria. Desprendida, a guitarra de Vogg Kieltika explora glissandos intensos na finalização.
Em "Locust", mais um bom exemplo da sonoridade nu metal em uma canção de andamento linear, com vocalizes e breaks estratégicos apoiando a força do refrão.
Após a execução da sombria "Is There Anybody Out There?", surge a bruta "NØ GØDS, NØ MASTERS" extremamente dura, com instrumental repleto de bem calculadas dissonâncias, em mais uma canção agressiva, onde o diálogo entre os instrumentos e a potência do vocal incidem diretamente sobre a letra, destacando de forma única seus versos. Grande momento do show!
Após a execução da inusitada e ousada versão para "Seasons in the Abyss" (Slayer), surge "Old", em mais um petardo sonoro do instrumental, onde a bateria traz condução diferenciada, repleta de boas variantes, mantendo a constância do andamento frenético, encimada pelo diálogo intenso entre guitarras e baixo.
Além dessas canções, outros grandes sucessos constaram do privilegiado setlist, que contemplou as várias fases da carreira da banda, como "Aesthetics of Hate", "Darkness Within", "Catharsis" e "From This Day", encerrando a brilhante noite com a execução de "Halo". Perfeito!
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