Clássicos 80´s: O Post-Punk de The Pretenders e o Progressive Pop de Phil Collins Agitam São Paulo
Publicada em 27, Feb, 2018 por Marcia Janini
No anoitecer do último domingo, 25 de fevereiro, o Allianz Parque recebeu em grande estilo, dois grandes nomes do pop rock mundial: a banda The Pretenders e Phil Collins.
Subindo ao palco por volta das 18h15 para a execução dos grandes sucessos de sua carreira, pautada no post-punk, a banda The Pretenders abre com maestria as apresentações da noite com a deliciosa cadência repleta de sensualidade de "Alone", canção de seu mais recente trabalho lançado em 2016.
A suave "Talk of the Town" apresenta em seu andamento constante determinado pela bateria cadenciada com suave ascendência nas conversões e nos acordes solapados das guitarras mais um memorável ponto do show.
Em um lindo e introspectivo instante, marcante no vocal preciso de Chrissie Hynde, a perfeita execução da balada "Hymn to Her" antecede a consistente releitura para o clássico "Stop Your Sobbing" (The Kinks).
Após "Down the Wrong Way", na sequência a deliciosa "Don't Get Me Wrong", um de seus maiores sucessos.
Em cadenciados e solapados acordes das guitarras introdutórias "Mystery Achievement" é executada com precisão. Emoldurando com firmeza o potente vocal, a bateria cadenciada de Martin Chambers, em marcante tonalidade post-punk, conduz o andamento constante da melodia. Solos das guitarras em afinação alta mesclam-se aos vocalizes de Chrissie na finalização, marcando mais um ponto alto do show.
Após solo da bateria na introdução, "Middle of the Road" encerra o show. Na finalização, o solo de Chrissie na gaita harmônica.
Além desses sucessos, constaram do repertório hits como "Back on the Chain Gang", "Private Life", "Brass in Pocket" e "I'll Stand by You" além da inspirada versão para "Forever Young" (Bob Dylan).
Iniciando às 20h00, com grande aparato cênico composto por telão ciclorama e spots de iluminação localizados em forma semi-circular encimando a caixa de palco, são exibidas projeções de imagens remetendo aos temas das canções.
Phil Collins já executa em sequência dois de seus maiores sucessos logo no início do show, as baladas "Against All Odds (Take a Look at Me Now)" e "Another Day in Paradise".
Para "I Missed Again" a forte introdução do afinadíssimo quarteto de metais ambienta com charme jazzístico a melodia, a bateria de Nicholas Collins em cadência suave mantém o constante andamento.
Na swingada "Hang in Long Enough" os metais surgem majestosos, apoiando a força do vocal de Collins e trazendo a sonoridade soul pop à canção. Baixo de Leland Sklar em contraponto determina delicioso acento groove.
Impactante os backing vocals na introdução para "Wake Up Call" na presença do vocal tenor de seu corista Arnold McCuller em cânone com as vozes femininas. Guitarra melódica em solo repleto de cromatismos nas conversões, permeada pela fime condução da bateria, fazem deste mais um grande momento do show.
O grande hino progressivo "Throwing It All Away" surge com seus memoráveis vocalizes introdutórios, em um momento de grande sinergia com o público. A melodia suave de andamento ralentado traduz em seu bojo elementos do reggae, reforçados pelo fraseado vocal de Phil Collins e pela alquebrada bateria nas conversões.
Mais um grande hit de sua passagem pelo Gênesis, a linda "Follow You, Follow Me" traz novamente a deliciosa aura retrô dos anos 80, com exibição simultânea de trechos da carreira de Phil nos telões. Lindo e emocionante momento do show. O diálogo perfeito entre o violão de aço de acento country e a guitarra melódica de Daryl Stuermer em solo nas conversões determinam toque todo especial a esta canção. Amazing!!!
A descontraída "Who Said I Would" traz o incrível quarteto de metais soul formado por Harry Kim e Dan Fornero nos trompetes, George Shelby no saxofone e Arturo Velasco no trombone permeando com energia a melodia. A exímia condução da bateria num belíssimo trabalho em sonoridades jazzísticas alia-se em perfeita consonância à precisa percussão de acentos latinos do cubano Luis Conte.
"Separate Lives", em bela releitura, surge carregando aura introspectiva ao show, em um momento de rara beleza onde divide os vocais com sua backing vocal Bridgette Bryant de lindo timbre mezzo-soprano repleto de modulações e solfejos complexos, atingindo grandes alturas, numa demonstração de seu enorme potencial vocal.
Com belíssima introdução soul dos brilhantes metais em perfeita sintonia com os arranjos do teclado de Brad Cole, "Something Happened on the Way to Heaven" encerra mais um grande momento do espetáculo, num irresistível convite à descontração. Solos em diálogo das guitarras rítmica de Ronnie Caryl e melódica de Daryl Stuermer na finalização mantém com propriedade a característica dançante da melodia.
Em um grande momento da performance individual de Brad Cole no vocoder de acordes em suspensão surge a densa introdução para "In the Air Tonight", em impactante momento do show. Os rascantes acordes das guitarras em diálogo auxiliam na manutenção da ambientação, apresentando a perfeita execução da cadenciada bateria. Great!
A dançante "You Can't Hurry Love", em releitura para o clássico de The Supremes, traduz o efusivo andamento do ragtime em mais um dinâmico instante da apresentação, antecedendo a deliciosa "Dance Into the Light" na gostosa cadência da salsa latina, em um dos mais divertidos momentos do show, onde Phil divide os vocais com seu técnico corpo de backing vocals formado por Arnold McCuller, Amy Keys, Bridgette Bryant e Lamont van Hook. Determinando com graça junto à percussão o andamento dolente da melodia, o teclado brilha com grande precisão.
Para "Invisible Touch" novos arranjos com efeitos modernizantes mesclam-se à métrica da canção em mais um incrível trabalho da banda, trazendo a participação mais que especial do quarteto de metais.
Encerrando a noite a execução dos grandes sucessos "Easy Lover", "Sussudio" e "Take Me Home".
|