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Coberturas de shows

Rotting Christ no Hangar 110

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Publicada em 22, Nov, 2016 por Fabiano Cruz


Brasil já virou rota de um dos maiores nomes – e mais originais – do Black Metal, os gregos do Rotting Christ. Pela terceira turnê seguida, dessa vez por mais shows pelo Brasil, a banda toca em São Paulo, mais uma vez o Hangar 110, casa que infelizmente anunciou recentemente que vai fechar as portas (o que perguntamos: o que será das aprese tações mais undergrounds como essa, onde a casa sempre abriu as portas e sendo um dos raros lugares na capital paulista a ter shows desse porte?).

Com horários marcados para as bandas começares começo de noite, fora da casa já percebemos o quanto de gente estaria para a apresentação; e com a banda de abertura da noite Desdominus a casa já se encontrava bem cheia, algo raro pois poucos prestigiam as primeiras bandas. E a banda do interior paulista não decepcionou o público: com seu Black/ Death muito bem composto em uma diversidade instrumental de texturas e harmonias, lembrando bandas que ousam além dos muros impostos pelo estilo, arrancou gritos e aplausos dos presentes. Totalmente calcado no disco lançado ano passado, o terceiro trabalho nomeado Uncreation, Paolo Bruno comandou a banda e público com maestria; bem afinados – e som limpo! – a abertura com Certo e Convicto, o set passeou por faixas do calibre de Erase the God Within e Waves Collide; a banda não esqueceu os discos anteriores, mostrando faixas como False Creator’s creator do primeiro disco. Uma belíssima apresentação que a banda não se intimou em ser a primeira da noite, fechando com Supremacia Underground e com aplausos.

Sem muita demora, uma das mais lendárias bandas do Death Metal nacional sobe ao palco. E com humildade e sem firulas, os primeiros acordes de Birth of Chaos do último trabalho In Love With Hatred fizeram do Hangar 110 presenciar o caos sonoro do Genocídio. Ok, estranhamente o caos sonoro não se deu somente pela pancadaria e quebradas que a música da banda tem com seu Death visceral, mas por um som abaixo até mesmo da banda de abertura: as guitarras de Rafael Orsi e de Murillo Leite mal se ouviam e quando apareciam, soaram emboladas, e isso foi sendo corrigido somente no meio da apresentação, o Baixo do Perna estava altamente acima de tudo, sendo um deleite para baixistas e fãs dos graves – como eu – mas claramente incomodando alguns vendo a banda. Mas isso não foi algo que atrapalhou o Genocídio, pois a pancadaria comeu solta (até mesmo nas primeiras rodas que se abriram) com músicas do calibre de The Grave, Kill Brazil, Rebellion; Murillo anuncia um som “old school” e a casa quase vai abaixo com Encephalic Disturbence. A banda agradece o público que a essa hora já tomava conta quase todos os espaços da casa – onde um evento underground em um país em “crise” vou uma vitória ter o espaço lotado, inclusive o maior público que tivemos em uma apresentação do Rotting Christ em São Paulo -, e como “presente” Black Vomit, da tão lendária quanto Sarcófago. Sem dar espaço para quem estava agitando respirar, veio fulminante The Clan, fechando um dos mais violentos shows de Death Metal que presenciei.

Sem poucos atrasos e no tempo, o som ambiente característico de ruídos do Rotting Christ já tomava a casa. Nada mais apropriado para Ze Nigmar, a abertura da noite. E o som de Rituals já mostrou o que esperaríamos: uma apresentação mais introspectiva, mas ritualística, uma abordagem sonora que o Rotting Christ vem apresentando desde Kata Ton Daimona Eastoy, tornando suas músicas mais complexas e ambientais, se perder toa a característica já ganhada em trabalhos anteriores. E não seria mais perfeito, logo mandando a própria Kata Ton Daimona Eastoy e Athanati Este – essa um hino do Black Metal – a banda já encantava os fãs, onde poucos agitavam e muitos ficaram hipnotizados pela apresentação e som. Som que, aliás, com uma formação estabilizada, Sakis deu uma repaginada nos arranjos principalmente vocais, tornando muito mais atmosférico as texturas vocais com os backings muito bem compostos, isso junto com o clima de ritual ficou muito bem exposto em Apage Satana, com Sakis fazendo símbolos gestuais junto ao som, dando uma sensação perfeita de uma sessão ocultista. O clima que a banda instaura se quebra um pouco nas mais “old school”, mas mesmo as escolhidas não destoam do tom dado a apresentação: King of the Stella Wars, The Florest of N’Gai e The Sign of Evil Existence tiveram novos arranjos e uma cadência mais lenta, sem perder suas majestades de um Black Metal antigo.

A banda está coesa, sem muito mudar a formação, os irmãos Tolis ficam mais a vontade, com Themis arriscando até tímidos improvisos na bateria; Sakis tem Geroge Emmanuel um perfeito aporte nas guitarras, inclusive esse solando muito mais a vontade que na última apresentação. Isso tornou canções como Societas Satanas, 666 – com seu clima perfeito que coube muito bem ao lado das músicas de Rituals – In Yumen-Xibalba e Grandis Spiritus Diavolos primorosas ao vivo, ainda mais que o público teve participação nos refrãos. Sem delongas, a banda fecha em um bis com as clássicas Noctis Era e Non Serviam.

Fato que o Rotting Christ é uma das poucas bandas que experimental e ousam sem medo, sempre se reinventando, e essa nova fase com sons mais ritualísticos torna a apresentação deles muito mais cadenciada, porém conseguem ao mesmo tempo soarem agressivos como o estilo mais extremo pede. Não foi perfeito por dois detalhes: uma microfonia chata que durou pelas primeiras quatro ou cinco músicas e o tempo da apresentação de uma hora e vinte, muito curta perto de outras vindas da banda a São Paulo que sempre tocaram por duas horas ou mais. Mesmo assim, ver Rotting Christ ao vivo é uma experiência sonora que qualquer fã de Heavy Metal deveria presenciar.


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