Nightwish Em São Paulo
Publicada em 20, Dec, 2012 por Marcia Janini
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No último dia 12 de dezembro, o Credicard Hall recebeu uma das bandas ícones da nova geração do metal sinfônico, o Nightwish.
A apresentação teve início por volta das 22h30 e contou com a abertura da banda nacional Tierramystica, que apresentou ricas canções com suaves influências célticas e boa dose de sonoridade andina, determinada pelas flautas pã e piccolo. Complementando a atmosfera diferenciada das canções, banjo e viola emprestavam dos cantes aflamengados (como as tonás) ricos arranjos que mesclaram-se à sonoridade do rock de bateria cadenciada e riffs dissonantes das guitarras em escala ascendente.
Utilizando recursos simples de cenotécnica, entretanto de belo efeito estético e extremo bom gosto, o ciclorama de fundo remete a imagens do medievo. Biombos na mesma temática nas laterais do proscênio, à guiza de pernas, também auxiliam positivamente na ambientação do show, além do bem articulado esquema de iluminação.
A grandiloquente introdução ao som de “Crimson Tide” (Hans Zimmer) anuncia a entrada dos integrantes da banda para a execução da primeira canção “Storytime”, canção pautada nas vertentes clássicas do rock, como o heavy metal, numa explosão de peso, com suaves e esparsas participações do teclado no decorrer da melodia, suavizando-a moderadamente.
“Dark Chest of Wonders” inicia vigorosa, na fusão entre metal e post-punk determinados pela bateria cadenciada e pela brilhante participação dos teclados. Pautando-se no cancioneiro medieval, belíssimo coro celta irrompe, prenunciando sequência vertiginosa de arranjos preciosos da guitarra. Na finalização, lindo momento da vocalista Floor Jansen, admirável mezzo-soprano voltando-se para as técnicas operísticas do canto, com seu timbre límpido, afinação ímpar e enorme carisma.
A guitarra rascante realiza o lindo contraponto à suavidade do vocal em “Wish I Had An Angel”, ascendendo para cadência vigorosa com o apoio da segunda voz masculina de Troy Donockley no refrão, amparada por acordes difusos do teclado em tonalidade grave.
Com introdução em pianíssimo, “Amaranth” traduz mais uma exímia performance de Floor com técnica precisa e modulações bem pontuadas. Elementos da música de câmara nos refrões suavizam o peso rascante da melodia, em mais um feliz momento do show.
“Scaretale” com samplers simulando vozes etéreas e sinos constrói toda uma aura dark à melodia, pautada em dinâmica e recursos estilísticos à sonoridade celta do baixo medievo. Em correspondência com elementos do death metal na cadência forte e dissonante, o peso da linha melódica segue alternando com suaves instantes em ritardando para a entrada do vocal. Em mais uma demonstração da incrível capacidade criativa do grupo, a finalização em rondó, simulando as danças cíclicas típicas dos festivais rurais de colheita europeus encerra lindamente esta canção.
Em um dos melhores momentos da apresentação “The Crow, The Owl and The Dove”, suave, etérea, introspectiva surge simples, sem maiores rodeios em mais uma belíssima interpretação de Floor Jansen, com belas conversões em vocalizes perfeitos. Nota para o suave acompanhamento do teclado e bateria, em performances individuais realmente belas.
Um dos maiores sucessos da banda “Nemo” surge como o ponto ápice do espetáculo. O teclado em adágio confere charme extra às conversões do refrão. Mais um inspirado momento de Floor em agudos perfeitos, modulações precisas e grandes variações em tonalidade dinâmica.
“Last of the Wilds” traz lindo solo introdutório da guitarra de Troy Donockley em melodiosos lamentos explorando a sonororidade gaélica, ascendendo em seguida para o rock rápido, de acordes urgentes. Traduzindo em momento posterior suavidade nos arranjos precisos da guitarra e teclado, com bateria e baixo em contraponto, a linha melódica experimenta forte variação dinâmica. O flautim elabora sequência de acordes suave, remetendo a elementos da natureza, acompanhado por suave percussão de címbalos. O movimento cíclico da linha melódica traduz todas as características das canções folk, na fusão com elementos do classic rock. Um dos momentos mais intrincados em construção musical e também dos mais belos de toda a apresentação.
Além destas canções, clássicos da carreira da banda como “I Want My Tears Back”, “Wishmaster”, “Ever Dream”, “Over The Hills and Far Away”, “Ghost Love Score”, “Song Of Myself” e “Last Ride Of The Day”, fizeram parte do bem selecionado repertório deste show, em tudo extremamente bem elaborado, com grande cuidado e apuro estético. Lindo presente para os fãs!
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