A despedida de mais um dinossauro do rock
Publicada em 14, Sep, 2011 por Marcia Janini
No último sábado, 11 de setembro, o Anhembi recebeu duas das mais emblemáticas bandas de rock no estilo heavy metal: Whitesnake abrindo as apresentações da noite na sua última turnê “Forevermore” e Judas Priest, despedindo-se dos palcos mundiais na turnê do álbum “Epitaph”.
Por volta das 20h30, Coverdale e banda já iniciam bem a apresentação com a execução de “Best Years”, traduzindo certa suavidade ao peso da bateria cadenciada de Brian Tichy, em contraponto consoante com o baixo. David Coverdale interpreta a letra em vocais guturais e ensandecidos, com boa resposta do público logo no início da apresentação.
“Give Me All Your Love” em seu andamento hard e descontraído, explora bem os belíssimos riffs das guitarras distorcidas e ascendentes de Doug Aldrich e Reb Beach, representando grande diferencial nas conversões entre refrão e estrofes.
Importantes pontos de verticalização (representando momentos que se diferenciam em qualidade na apresentação) surgem na execução do clássico “Love Ain`t No Stranger”, provocando forte participação do público e apresentando uma das mais marcantes performances do baixo de Michael Devin; seguido de perto por “Is This Love”, onde os teclados de Brian Ruedy transmitem a atmosfera correta à inspirada interpretação de Coverdale, em notas suspensas e difusas.
“Forevermore”, constante do atual álbum da banda, surge com introdução densa, determinada pelos teclados em tonalidades sóbrias e etéreas, sugerindo aura de mistério. Ascende nos refrões para uma explosão de energia e vitalidade, com andamento acelerado e grande peso na condução da bateria e das guitarras rascantes e urgentes. Intenso!
“Still of The Night” surge em versão fidedigna à original, em mais uma grande momento do espetáculo.
Além destas canções, clássicos como “Here I Go Again”, “Still Your Heart Away” e “Love Will Set You Free”, constaram do set list que realizou belo retrospecto da carreira da banda.
Mais surpresas estavam reservadas, como os fantásticos solos de guitarra e bateria e a execução de duas canções do Deep Purple consagradas com o vocal de Coverdale na finalização do show: “Burn” e “Stormbringer”.
Iniciando sua apresentação às 22h20, Judas Priest trouxe forte aparato cênico, brindando seu público com um show que explorou com grande maestria os efeitos especiais e recursos visuais, numa despedida em grandioso estilo.
Integrando o cenário, vários símbolos ícones da banda e da turnê apareciam em meio às gambiarras, utilizando prático sistema de polias, que permitiam que apenas nas canções que a eles fizesse alusão, estes elementos se mostrassem ao público. Canhões de lazer vermelho e verde entrecruzavam-se, em meio à colunas de fumaça que se desprendiam do proscênio e varios lança-chamas nos fundos do palco. O ciclorama exibiu símbolo da turnê, apresentando um demônio estilizado. Até mesmo uma Harley Davidson foi utilizada como aparato cênico nos momentos finais do show, ressaltando o estilo bad boy de Rob Halford, que realizou ainda várias trocas de figurino durante o show, exibindo riquíssimos bordados, muito brilho, luxo e espalhafato.
Iniciando a apresentação com a pesadíssima “Rapid Fire”, seguida pelo clássico “Metal Gods”, as guitarras potentes e distorcidas de Glenn Tipton e Richie Faulkner, surgem rascantes, consonantes com a infernal bateria cadenciada e extremamente ágil de Scott Travis, apoiando a incrível técnica vocal de Rob Halford, transpondo do agudo ao grave cavernoso e gutural com extrema naturalidade.
Apoiando-se em reforços de grave determinados desde a bateria, “Judas Rising”, traduz atmosfera voltada ao black metal, com andamento aceleradíssimo, numa melodia frenética explorada em toda a sua complexidade pela interpretação magistral de Halford, em gutural rasgado, profundo, onde o baixo de Ian Hill exerce participação especialmente intensa em inusitados acordes.
Apresentando densidade extrema, “Victim of Changes” traduz bruscas mudanças em andamento e cadência em meio à breaks estratégicos que apoiam e reforçam o apelo dos refrões. O baixo surge em contraponto perfeito à bateria, de condução impecável.
“Never Satisfied” surge com bateria forte, contundente, em mais uma feliz condução. As guitarras de Tipton e Faulkner surgem furiosamente rascantes em notas agudas e profundas distorções, como acompanhamento à empostação vocal perfeita de Halford, num dos melhores momentos do show.
Trazendo grandes diferenciais sonoros, “Night Crawler” traduz a cadência do hard rock, onde bateria e baixo predominam no reforço de dub, com ascensão de agudos somente na finalização da canção. Melodia poderosa, potente, de andamento acelerado, com marcante refrão.
Após a bizarra e perturbada “Blood Red Skies”, que causou estranhamento na simulação de aura opressiva, valendo-se de certo toque de ocultismo, “The Green Manalishi”, na cadência do heavy metal old school, trouxe riffs diferenciados nas guitarras e boa participação do público.
Entretanto, os grandes clássicos que revolucionaram à seu tempo o conceito de rock, “Breaking the Law” e “Painkiller” foram reservados para o fim da apresentação, antecedendo o momento do bis, onde mais clássicos como “The Hellion” e “Electric Eye” abrilhantaram ainda mais a inesquecível apresentação.
O “canto do cisne” da banda trouxe ainda canções como “Starbreaker”, “Diamonds and Rust” (em versão acústica), “Prophecy”, “Turbo Lover”, “Beyond the Realms of Death”, “The Sentinel”, “Hell Bent for Leather” e “You’ve Got Another Thing Comin’”.
<i>* Agradecimentos a Osmar Costa Lima pelos elogios e correções.</i>
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