Blues: Vivo na cena e na veia!
Publicada em 14, Aug, 2011 por Marcia Janini
Na última quarta-feira, 10 de agosto, Nasi apresentou-se com sua banda formada por Johnny Boy (baixo), Nivaldo Capobiano (guitarra), Evaristo Pádua (bateria) e Andy Youssef (teclados) no auditório do Teatro Popular do Sesi.
No repertório, show da turnê do seu mais recente álbum “Vivo na Cena”, também constaram sucessos de sua carreira solo e clássicos da banda Ira!, além de inspiradas releituras para grandes composições da música popular brasileira.
Abrindo a apresentação, “Ogun” na cadência do classic rock com inspiração rockabilly, traduz em sua letra certo acento autobiográfico. Belíssimo solo da guitarra de Capobiano em junção com o elegante teclado de Youssef, pontuam elegantemente a melodia empregando elementos do blues numa canção rebelde e ousada, revelando Nasi em pleno vigor da forma.
A releitura para o clássico “O Tempo Não Pára” de Cazuza, mantém a mesma linha melódica da versão original, acrescida de swing blueseiro. A inspirada interpretação de Nasi, explorando tonalidades graves, empresta maior peso à letra reflexiva da canção. Sua versao apresenta ainda belos momentos instrumentais na conversão entre as estrofes.
Remetendo ao post-punk 80`s “Não Caio Mais” denota charmosos recursos dos teclados em synth, ampliando o poder da letra ácida. Nota para a exímia condução da bateria de Evaristo Pádua.
Seguindo cadência e andamento típicos do punk rock “Aqui Não é o Meu Lugar” traz letra crítica, nos moldes das canções de protesto. Contagiante, com grande conteúdo sonoro e letra inteligente… Teclados esparsos na finalização arrematam com elegância a expressiva melodia.
Em “Por Amor”, composição de Zé Rodrix, os teclados surgem majestosos, norteando toda a composição aliados à bateria bem pontuada, revelando a grande destreza e habilidade de Evaristo Pádua. O baixo contundente de Johnny Boy realiza interessante contraponto, além de sua especial participação nos backing vocals.
A suavidade da melodia em hardcore trata da temática de desilusões amorosas com propriedade e categoria na execução de “Milhas e Milhas”, em mais uma inspirada interpretação de Nasi.
A bem humorada “Garota de Guarulhos” faz alusão ao clássico de Tom Waits de forma brejeira, descontraída pela letra satírica com forte apelo no universo popular e cheia de duplos sentidos, amparada pelos arranjos característicos desta sonoridade 70`s… Belo momento de Youssef na gaita. Até o fraseado vocal surge com entonação cômica. Super divertida!
Em “Me Dê Sangue”, a participação especial de André Carlini na gaita de boca traz o apelo blueseiro do sul Americano, com indicações no country, que aliada ao bem pontuado teclado, realiza interessante contraponto numa construção melódica criativa, quase num improviso.
Em criativas e ousadas releituras, surgem “Rockixe” (Raul Seixas), “Bala Com Bala” (João Bosco), “Carne e Osso” (Picassos Falsos) e “Desequilíbrio” (Eddie, numa homenagem ao movimento manguebeat), “Música Urbana”(Legião Urbana), além de outras canções como “Poeira nos Olhos” e “Eu Só Poderia Crer”.
Na apresentação também foram executadas algumas canções de sucesso do Ira!, como “Tarde Vazia”, “Núcleo Base” e “Envelheço na Cidade”.
<i>* Agradecimentos a Josias Osvaldo e Carlos Eduardo pelas correções e pelos elogios à matéria.</i>
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