O adeus em grande estilo dos dinossauros (ou seriam escorpiões?) do classic rock.
Publicada em 20, Sep, 2010 por Marcia Janini
A banda alemã Scorpions apresentou de forma brilhante show de sua turnê de despedida “Get Your Sting and Blackout World Tour” no Credicard Hall nos dias 18 e 19 de setembro.
O mau tempo com incessante garoa e baixas temperaturas não diminuiu o entusiasmo dos fãs que acorreram maciçamente ao evento, munidos de muito calor humano e grande empolgação, traduzindo lotação esgotada nos dois dias de apresentações da banda.
A noite principia por volta das 20h45, com abertura da banda nacional Das Fossem, que apresentou repertório variado e grande desenvoltura na execução de grandes clássicos do rock.
Por volta das 22h00, a aguardada atração principal sobe ao palco, apresentando aos fãs paulistas belíssimo aparato cênico, com telões de luzes no fundo de cena e nas laterais, que exibiam silmultâneamente durante toda a apresentação trechos do show, em meio a imagens e trechos de clipes musicais da banda. Nota para a privilegiada iluminação, auxiliando ainda mais na ambientação do clima festivo e descontraído do espetáculo.
Após uma introdução densa, a banda inicia a apresentação com canção de trabalho de seu mais recente álbum, lançado neste ano, a faixa título “Sting in the Tail”, já iniciando a apresentacão de forma verticalizada, com esta cancão repleta do peso e da marca que os caracterizou como uma das maiores bandas do segmento no mundo.
Na sequência a banda alterna a execução de clássicos extraídos de seus álbuns de maior sucesso: Lovedrive (1979), Animal Magnetism (1980), Blackout (1982), Love at First Sting (1984) e Crazy World (1990).
Assim, com grande carisma e incrível comunicação com o público, a banda desenvolveu uma apresentação onde a precisão técnica e o apego até aos mínimos detalhes, determinou uma apresentação bem cuidada e de apuro estético ímpar.
Nota para as inspiradas interpretações dos vocais de Klaus Meine, dotados de densidade, carisma, versatilidade e ousadia, passeando entre canções suaves, baladas românticas, explosões de rebeldia, letras ácidas e sonoridades contundentes, com todo o peso do heavy metal e hard rock, deixando para o público bela mostra de seu enorme talento como o intérprete dotado de um dos timbres vocálicos mais personalizados e diferenciados da história do rock.
Igualmente digna de menção a condução precisa e inusitada da bateria de James Kottak, presente durante toda a apresentação e especialmente no incrível solo, denominado “Kottak Attack”, onde variadas sonoridades foram exploradas de maneira original, num amplo leque que privilegiou desde os primórdios do rock até o break pop de Michael Jackson em “Beat It”. Fantástico!
Brilhantes também os arranjos e riffs das poderosas e “enlouquecidas” guitarras de Matthias Jabs e Rudolf Schenker, embalando nossas lembranças com muitas das conversões e refrões perfeitos que fizeram a história das construções melódicas do rock, em momentos únicos de genialidade e virtuosismo.
O baixo de linhas profundas e inspiração clássica de Pawel Maclwoda, emprestou aura de densidade e lirismo especialmente nas canções densas e introspectivas, apoiando de forma grandiosa as efusivas guitarras e surgindo como fundamental contraponto à bateria.
Dessa forma, a banda executou alguns dos maiores sucessos de sua carreira, como as canções “Make it Real”, Bad Boys Running Wild”, “Loving You Sunday Morning”, “Holiday”, “Wind of Change”, “Dynamite”, “Black Out” e “Big City Nigths”, entre outras, além de mais uma canção do último trabalho “The Best is Yet to Come”.
Para o momento do bis os clássicos “Still Loving You” e “Rock You Like a Hurricane”, findam com brilhantismo a apresentação, encerrando em seu bojo a trajetória de quase 40 anos de sucessos da banda. Num clima festivo, sem permitir a entrada da melancolia ou saudosismo, como deve ser a despedida de todo grande artista…
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