Rompendo as barreiras culturais do som
Publicada em 12, Apr, 2010 por Marcia Janini
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Na noite do último domingo, 10 de abril, o Via Funchal recebeu, em grande estilo, uma das maiores revelações da black music na atualidade, o intérprete judeu Matisyahu, com abertura da banda nacional Squat.
Trazendo fusão com as mais variadas vertentes da black music, na fusão com elementos de sonoridades populares e street, os jovens integrantes da banda <b>Squat</b> mostram versatilidade e talento, além de grande carisma e bom domínio de palco, em canções que traçam um panorama da cultura musical praticada na periferia das grandes cidades, sem descambar para o tom de marginalidade e violência. Ao contrário, a banda revela qualidade estética e leveza em canções que exploram, de forma suave e divertida, o cotidiano das comunidades carentes e seus anseios por meio de letras críticas, reflexivas, traduzindo em seu bojo mensagens positivas.
A banda, composta pelo DJ Cris EFX, o MC Alex “Squat” e a intérprete e backing vocal Lívia Cruz, conduziu a abertura do show de forma deliciosa, reforçando a importância de uma sonoridade com motivação séria na atual cultura black nacional.
Dignas de menção as performances individuais de cada integrante do grupo, onde a precisão técnica do DJ, com mixagens inusitadas e boa utilização de recursos de efeito, samplers e skratches, aliadas ao vocal suave e ao mesmo tempo, firme e desafiador de Lívia e à jovialidade do MC Alex, formaram um todo coerente. Excelentes revelações do estilo.
<b>Matisyahu</b> inicia a sua apresentação com a execução de “Illegal Dub”, canção que traduz em sua introdução efeitos de mixagem, simulando dial radiofônico difuso, precedendo a perfeita condução de movimento ditado pelo hard rock, com excelente condução da bateria e guitarras distorcidas na afinação padrão do heavy metal, em andamento frenético, que progressivamente é suavizado até atingir o próximo movimento da canção, na cadência do reggae e ska. Arrebatador e extremamente criativo!
“Smash Lies” surge com introdução densa, pontuada pelo teclado com notas em suspensão e solfejo característico à música mediterrânea nos vocalizes do intérprete, num momento de introspecção, enlevo e beleza ímpares. Guitarras distorcidas remetem ao hard rock, em contraponto à bateria, na cadência do ska, com suaves pitadas da sonoridade punk no andamento. Progressão conduz ao próximo movimento da canção no fraseado solto e ágil do hip hop. Fantástico!
Digna de menção a inusitada performance do cantor em efeito “beat box” na finalização de “Youth”, revelando sua enorme versatilidade vocal, realizando conversões e mudanças de andamento e cadência em vertentes que variaram do hip hop ao rap, passando pelo charme. Inacreditável!
À sutil introdução de acordes suaves, remetendo aos solos de derbak, uniram-se recursos de variações de andamento em movimentos cíclicos e sintetizadores de efeitos robóticos, assemelhando-se à sonoridade synthpop. Todos estes espassos elemtnos uniram-se numa fusão perfeita na ambientação da melodia hip hop “Motivate”. Exuberante!
Além destes, outros sucessos do cantor traduziram-se em altos pontos de verticalização, como os dançantes reggaes “Jerusalem” e “One Day”. No momento do bis, encerrando a brilhantemente conduzida apresentação, “Kodesh” e “King” evidenciam a bela junção entre a sonoridade religiosa mediterrânea de forte carga dramática e os divertidos arranjos ensolarados e alegres do reggae.
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