“Massacre” de Charme, Carisma e Estilo: Duran Duran
Publicada em 24, Nov, 2008 por Marcia Janini
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Nos dias 21 e 22 de novembro, após longo período longe dos palcos brasileiros, o Via Funchal recebeu uma das bandas ícones do movimento new wave 80’s.
Na turnê “Red Carpet Massacre”, Duran Duran surge num espetáculo onde a energia e o carisma que os consagrou determinaram a tônica desta fantástica apresentação, que assinalou várias fases de sua carreira, em execuções de grandes clássicos e canções atuais.
Numa estrutura de palco com predominância de linhas clean, via-se um ciclorama ao fundo com projeção de uma antiga metrópole (assemelhando-se muito ao centro velho de São Paulo). A iluminação primordialmente branca auxiliou a ambientação simples e despojada, onde a banda destacou-se com total desenvoltura, não necessitando, portanto, de maiores aparatos cênicos para um desempenho, em tudo, brilhante!
A canção de abertura, “The Valley”, integrante do mais recente trabalho da banda, traz introdução com ares “cyber”, samplers e sintetizadores que remetem ao início do eletrônico, sem perder o mote de inovação em comparação aos modernos segmentos da vertente. A sonoridade com recursos metalizados e os vocais em suave fraseado, em melodia inconstante e nem um pouco óbvia, cria uma atmosfera densa, prenunciando ilimitados recursos técnicos. Na finalização, a mixagem já antecede a próxima canção, realizando perfeita junção entre ambas.
Este importante recurso, utilizado com perícia no decorrer de toda a apresentação, traduziu linearidade às performances, determinando o eletrizante “time”, onde se preenchem de forma ousada as lacunas entre as canções, evitando as tão comuns rupturas, gerando extraordinário “feeling” que minimizou possíveis pontos de entropia no espetáculo, além de preparar o público encadeando a seqüência do bem escolhido e seleto set list, possibilitando assim maior interatividade e participação dos fãs... Genial!
As execuções seguintes de “Planet Earth” (1981) e “Hungry Like The Wolf” (1982), com intensa participação do público em grande sinergia palco/platéia, aparecem fidedignas aos originais, agraciando os fãs ávidos, em inspiradas performances vocais de Simon Le Bon.
Ainda da fase new wave, os clássicos “Save a Prayer” (1982), “Is There Something I Should Know?” (1983), “The Reflex” (1983), “Wild Boys” (1984), “A View to a Kill” (1985), “Notorious” (1986) e “I Don’t Want Your Love” (1988) surgem entre canções de trabalhos mais recentes de forma singular, em execuções incrivelmente bem cuidadas e excelentes performances da banda, num excelente trabalho que aliou técnica à inspiração, em especial nas conversões e fusões musicais determinadas pelas fantásticas mixagens de Nick Rhodes.
Da fase 90’s, “Serious” (1990), “Come Undone” e “Ordinary World” (ambas de 1993), além de “White Lines” (1995). Nota para os fabulosos vocalizes de “Le Bon” na finalização de “Ordinary World”... Em excelente forma e vigor físico, esbanjou talento e técnica em atuações a cada momento ainda mais inspiradas e cativantes. Incrível!
“Nite Runner”, canção de trabalho do último álbum, deliciosamente dançante, traz influências no break e na disco music em melodia suavizada e letra jovial. Esparsos samplers denotam charme extra, criando efeitos “robóticos”. Finalização atual e inusitada transmite-lhe ares de grande hit.
Dignas de menção as performances da backing vocal Anna Ross, em especial nas canções do novo álbum, onde a sonoridade black é intensamente bem explorada pelo seu timbre diferenciado e carisma contagiantes.
As canções do álbum “Red Carpet Massacre” mesclam influências do classic rock 60’ e 70’ às vertentes do eletrônico como o syhthpop e technopop 80’s, eletro e house, além de suaves nuances da black music, com elementos extraídos do charme e r&b, em sonoridades ricas e repletas de recursos inovadores, transmitindo a marca e estilo inconfundível de genialidade, irreverência e ousadia da banda, que mantém-se mais criativa que nunca à várias gerações da cultura pop.
O bis reservou mais dois grandes clássicos do new wave, a apaixonante “Girls on Film” (1981), seguida pela efusiva homenagem ao nosso país “Rio” (1983), encerrando em grande estilo esta impecável apresentação.
Que a banda continue sempre ousada e literalmente “faminta como lobos” por inovações, em composições cada dia mais inusitadas e criativas até seu retorno que, aguardemos, seja em muito breve!
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