Night and Day: Diana Krall em São Paulo
Publicada em 18, Nov, 2023 por Marcia Janini
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Na noite da última sexta-feira, 17 de novembro, o Tokio Marine Hall em São Paulo recebeu mais um show da tour mundial da cantora e pianista Diana Krall.
Iniciando sua apresentação por volta das 21h15 ao som de "I Love Being Here With You", delicioso blues na cadência gostosa do ragtime, Diana brilha com seu vocal grave, emoldurada pelos festivos acordes standard do piano, permeado pelo excelente contra baixo acústico. Em dedilhados repletos de cromatismos, a guitarra semi-acústica de Russell Malone auxilia na manutenção da festiva atmosfera da melodia.
Em uma canção de acento grave, cheia da imponência trazida pelos acentos soul, "Let's Fall in Love" chega com suavidade. Nota para a interessante, criativa e inusitada condução do marcante contra-baixo acústico de Christian McBride, explorando calculadas e bem medidas dissonâncias, que sobressaem ao andamento ralentado.
Em sussurros e modulações diferenciadas, guardando velada suavidade, os jazzísticos elementos cheios de bossa apontam nos cíclicos movimentos em rondó do bem temperado piano para a execução de "Devil May Care".
Suavemente dançante, em um moderno vaudeville "I Was Doing All Right" surge traduzindo mais um momento descontraído, onde os brincalhões arranjos do piano explodem em colcheias de dedilhados ágeis, realizando intrincado desenho melódico, apoiado com maestria pelo exímio baixo de McBride, que explora ousada linha melódica em cromatismos e dissonâncias ímpares. Great moment!
Para "I've Got You Under My Skin", uma inspirada releitura para o clássico de Cole Porter, a condução ralentada traduz toda a aura de aberta sensualidade expressa na letra da canção, apoiando o forte vocal de timbre marcante de Diana, em uma inspirada interpretação, onde alterna entre profundas modulações graves, onde a tonalidade é expressa principalmente pelas geniais variações dinâmicas de sua brilhante interpretação. Amazing!
Traduzindo o gostoso andamento doo wop em modulações vocais precisas entre os ágeis acordes do piano e do perfeito baixo, que mantém com cirúrgica firmeza a cadência alegre da canção, surgindo no contraponto ao perfeito violão de Malone em dedilhado ágil e cromatismos perfeitos "Just You, Just Me" marca mais um bom momento do espetáculo.
Para "I Just Found Out About Love", uma melodia cadenciada apoiada pela força do piano standard em intrincados arranjos, contrastando com o baixo em suave acompanhamento no contraponto à blueseira guitarra, que explora elementos do soul e do country em glissandos e intensos dedilhados altos, percebemos mais momentos importantes e criativos desses músicos de grande excelência.
Ensolarada e suavemente dançante, "You Call It Madness (But I Call It Love)" traz mais um intenso momento de instrumental
firme, onde a guitarra traz o malemolente movimento do ragtime, acompanhado pelo marcante piano. Pontuando e contrastando com o andamento ágil e brincalhão, o grave e sério baixo surge cadenciado e ralentado, em perfeito contraponto. No vocal, mais uma arrebatada performance de Diana Krall, explorando modulações nada óbvias.
Constaram ainda do setlist releituras de grandes clássicos do jazz, como "Night and Day", "They Can Take Away From Me", "This Can't Be Love" e "Almost Blue".
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