Beethoven é Rock n´Roll com a Orquestra Bachiana - Filarmônica sob a regência do Maestro João Carlos Martins
Publicada em 29, Mar, 2022 por Marcia Janini
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Na noite do último sábado, 26 de março, o Tokio Marine Hall em São Paulo recebe em grande estilo todo o talento de um dos mais carismáticos regentes da atualidade, o brasileiro João Carlos Martins, à frente da Bachiana Filarmônica, acessorado pelo maestro Heitor Fujimori.
Iniciando o espetáculo por volta das 21h45, ao som do 2º Movimento do Concerto para Piano nº 5 em Mi Bemol Maior, Op. 73 de Beethoven (ou Concerto do Imperador), a precisão técnica no dedilhado de João Carlos traduz toda a doçura da melodia, evoluindo em crescendos dramáticos, numa aura de pura nostalgia e encantamento. Fluidos, os acordes soam vigorosos, em resposta à urgência dos cellos.... Rápidas, as notas parecem dançar, em um divertido ballet, denotando um colorido juvenil à porção média da canção. Perfeito!
Para o 1º movimento da 5ª Sinfonia de Beethoven, todo o vigor, em glissandos cromáticos realizam o belíssimo diálogo entre a suavidade das cordas e a firmeza, o arrojamento dos metais, em frenéticos arranjos... Em intensas variações dinâmicas, toda a grandiloquência desta melodia enche os ares, em primorosa condução, marcando um momento especial do show!
"Pro Dia Nascer Feliz" (Cazuza/ Frejat) surge na deliciosa fusão do erudito com toques de jazz, bem pontuados pelos incríveis metais, em um divertido diálogo com as cordas.
"Meu Erro" (Paralamas do Sucesso) trouxe o delicioso apelo das big bands, em um andamento frenético sustentado pela ousadia dos metais, trazendo o suave acompanhamento da bateria e contrabaixo acústico no contraponto. Nota para a fluidez da trompa, realizando com perfeição as conversões. Great!
Mais uma grata surpresa, "November Rain" (Guns N' Roses) traz uma introdução linda e romântica, com os acordes dedilhados do piano de João Carlos Martins no entrelace com as cordas, permeados pelos metais, traduzindo nova dinâmica, em andamento vivace... Na incrível finalização, o crescendo da marcha militar em andamento frenético traduz toda a urgência apaixonada da melodia, com os metais irrompendo em acordes altos, de rara beleza estética... Amazing!
Para a delicada "Codinome Beija-Flor" (Cazuza), os acordes doces do piano em correspondência com as cordas traduz a inquietude velada dos amores desfeitos, em suave apelo aos sentidos. Linda interpretação!
A irreverente "Maluco Beleza" (Raul Seixas) ganha ares bucólicos na junção entre o piano em arranjos bem temperados no diálogo com as cordas, tendo os fagotes como contraponto...
Homenageando o grande compositor de toda uma geração, na execução de "Tempo Perdido", Renato Russo volta a brilhar pelas talentosas mãos de João Carlos Martins, que traduz à canção tão ácida, urgente e intensa suavidade nunca dantes vista, extraindo um lirismo que poucos conseguiriam vislumbrar, em um dos instantes mais lindos do show.
Para a descontraída "Uma Partida de Futebol" (Skank) belíssimo trabalho dos trompetes, mantendo a cadência frenética e divertida, trazendo elementos das bandas marciais e fanfarras na percussão, em um instante de descontração único na apresentação... Dinâmico, ousado e divertido, tudo na medida certa! Excelente!
Com a participação especial do tenor Jean Willian, "Bridge Over Trouble Water" (Simon and Garfunkel) marca mais uma grata surpresa na apresentação... Com a condução firme do maestro João Carlos, o jovem intérprete brilha, explorando cromatismos e modulações únicas, para este clássico de grande complexidade técnica!!! Impressionante!
Dividindo o palco com Luís Maluf na condução da guitarra semi-acústica, "Satisfaction" surge em uma versão dinâmica, arrojada e cheia da irreverência que somente os Rolling Stones denotariam...
Carina Luján e Jean Willian realizam o dueto clássico imortalizado por Freddie Mercury e Monserrat Caballé para "How Can I Go On", que surge em versão suavizada, mas não menos bela, onde o talentoso tenor explora com grande propriedade os acentos altos de sua potente voz... Nota para a suavidade tranquila das transposições realizadas pela soprano, de timbre aveludado, em mais um bom momento do espetáculo.
Na sensualidade velada do "Lança Perfume" de Rita Lee, um delicado toque da alegria juvenil, embalada pela deleciosa cadência disco 80 traduzida em uma jazzística e irreverente versão, embalada pelos deliciosos arranjos dos metais em um brejeiro diálogo com as cordas alegremente permeadas pela percussão descontraída, sem perder o tom... Genial!
Trazendo aura densa à apresentação "Malandragem" (Cazuza), imortalizada na voz personalizada de Cássia Eller, surge com os poderosos ataques dos trompetes, em diálogo com a vitalidade das cordas, em mais um raro e lindo momento de celebração à música popular.
O show continua com uma das mais populares canções do rock nacional de todos os tempos "É Preciso Saber Viver", que segue em crescendo na cadência, por meio da agilidade dos violinos em rápidas respostas aos urgentes metais, emoldurados pela suavidade do piano....
Na linda versão para "Yesterday" (Beatles), um suave convite à paz e reflexão ecoa pelos ares, surgindo em medley com "Love of My Life" (Queen), marcando um dos pontos mais belos da apresentação.
Grandiosa "We are the Champions" (Queen) surge com seus acordes apaixonados, em arroubos dos metais e arpejos intrincados dos violinos, em uma conjunção harmoniosamente perfeita entre intensidade e estética, em mais um marcante instante da apresentação, encerrando o evento em grande estilo.
Para o momento do bis "Tempos Modernos" e "O Último Romântico" (ambas de Lulu Santos), mais dois grandes clássicos do rock nacional....
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