Ney Matogrosso Bota seu Bloco na Rua
Publicada em 17, Aug, 2019 por Marcia Janini
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Nas noites de 16 e 17 de agosto o Espaço das Américas em São Paulo recebe shows da turnê Bloco na Rua do camaleônico Ney Matogrosso, trazendo canções de diversos compositores, estilos e períodos, de grandes clássicos da mpb a composições atuais, passando pelo pop rock 80's.
Subindo ao palco por volta das 22h15 para a descontraída "Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua", Ney Matogrosso brilha na intensidade de sua interpretação, traduzindo sensualidade na deliciosa fusão do pop com sonoridades latinas, bem pontuadas pela percussão e pelo afinadíssimo duo de metais.
Na execução de dois grandes hits extraídos dos criativos e insanos anos 80 "Jardins da Babilônia" (Rita Lee) e "O Beco" (Paralamas do Sucesso) surgem momentos de pura energia, com dinâmicas performances de Ney, emprestando às melodias a irreverência e genial ousadia que marcam sua trajetória. Great!
Para "Álcool (Bolero Filosófico)" e "Já Sei" delicada densidade surge no andamento ralentado das melodias e nas inspiradas evoluções vocais de Ney, em modulações e vocalizes de extrema complexidade técnica.
Na linda releitura para "Pavão Mysteriozo" (Ednardo), Ney traz novos arranjos determinados pelo trompete e trombone, além de inovações na divisão silábica de alguns trechos da letra, em bem sucedida modernização à sua clássica interpretação.
O samba-canção "Tua Cantiga" (Chico Buarque) explora sonoridades africanas na percussão e apresenta o acento da gafieira nos bem pontuados metais, contundentes e precisos nas conversões ao refrão.
Em ousada versão, a balada "A Maçã" (Raul Seixas) traz na interpretação de Ney, emoldurada pelos acentos do tango em ruflares da cadenciada bateria nas conversões, aliada aos potentes metais em marcha, inusitado e inovador ponto na apresentação. Amazing!
Após a execução da clássica e suave "Yolanda" (Pablo Milanés), surge a passional "Postal de Amor", em mais uma interpretação primorosa e repleta de cromatismos e vocalizes inspirados de Ney, em marcante momento de sua performance.
Na cadência do chamamé, traduzindo a deliciosa força da sonoridade andina, em "Ponta do Lápis" o firme cadenciado instrumental surge emoldurando com grande propriedade o potente vocal de Ney, antecedendo a ácida crítica expressa em "Tem Gente Com Fome", na grande explosão de perícia do talentoso instrumental.
Mais uma deliciosa e irreverente canção de Rita Lee "Corista de Rock", traduz toda a aura de ingênua rebeldia 70's na cadência cheia de bossa desenvolvida pelos metais em contraponto à guitarra distorcida e à bateria de andamento frenético.
Explorando a sonoridade nortenha do carimbó, bem pontuada pela exímia introdução do baixo em dub, aliado aos metais e à influência cabocla da percussão surge a deliciosa e dançante "Já Que Tem Que". Digna de menção a perfeita intervenção do trombone na finalização. Impactante, em um dos mais felizes instantes do espetáculo.
Ousadia ditou o mote da releitura para o grande sucesso da carreira de Ney "O Último Dia" (Paulinho Moska) na cadência frenética do brazilian funk ou funk carioca, no arranjo em fusão com os latinos metais e a percussão de acento afro (com elementos de afoxé). Diferente, moderno e atemporal, como o próprio Ney.
Além destas canções, outros sucessos como "Inominável", "Como Dois e Dois" (Roberto Carlos), "Coração Civil" (Milton Nascimento) e duas canções de sua carreira junto aos Secos e Molhados ("Sangue Latino" e "Mulher Barriguda") foram selecionadas para constar no setlist da turnê, encantando o público em performances arrojadas e repletas de vigor, com a marca de excelência característica do intérprete.
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