Armored Saint no Fabrique
Publicada em 04, Jun, 2018 por Fabiano Cruz
Primeiro domingo de junho foi típico da capital paulista, um tanto frio e nublado, e com vários shows pela cidade para o povo do Heavy Metal e suas diversas vertentes. Mas um seria o heavy Metal em sua essência: Armored Saint. Confesso que por mais que a banda seja uma das mais respeitadas - afinal, desde os anos 80 lançam trabalhos - não pensaria que teria um bom público. De fato, poucos minutos antes de começar tinha poucas pessoas. Esse fato talvez tenha prejudicado a banda de abertura, a excelente Hellish War com seu Heavy tradicionalíssimo. Mas a banda do interior paulista não se intimou e fez uma bela apresentação, mesmo com detalhes que a banda poderia ter sido muito mais produtiva em palco. O primeiro a questão do som; absurdamente alto, o som pareceu muito embolado no começo, e quando a mesa de som equalizou tudo, já estava nos finais do curtíssimo set. Em segundo, justamente o set curto; um maior a banda tocaria sons já bem aquecida em palco aumentando a adrenalina do show. E em terceiro, a falta do guitarrista Daniel Job - não tenho maiores informações do porquê - acarretando na apresentação de Vulcano sozinho nas seis cordas. Mesmo assim, driblaram tudo isso com maestria e canções como a abertura com Keep It Hellish, Destroyer e Defenders of Metal soaram um arregaço ao vivo! A banda também foi coesa em palco, com Vulcano mandando muito bem sem uma segunda guitarra e JR segurando com precisão a harmonia das canções. O fechamento com We Are Living For Metal deixou uma sensação de algo faltando, claramente mostrando que a banda poderia ter tido uns minutos a mais do que os pouco mais de 30 minutos em palco...
Poucos minutos de intervalo - inclusive muitos foram pegos de surpresa na área externa da casa, inclusive esse que vos escreve - o Armored Saint entra sem rodeios em palco com Win Hands Doom (faixa título de seu último trabalho) e logo em seguida já na cara um clássico do Heavy Metal: March of the Saints. Preciso dizer que já foi jogo ganho? Armored Saint nunca veio ao Brasil até então e era nítida a alegria contagiante deles me palco; a energia da banda é imensa e não cai em nenhum momento da apresentação. A turnê divulga seu mais novo disco, mas o que vimos foi uma seleção de clássicos e mais clássicos do heavy Metal norte-americano, como Tribal Dance, Nervous Man e Last Train Home; do último trabalho mesmo somente duas, a já citada de abertura e Mess.
O show da banda é contagiante, com seu Heavy Metal calcado um pezinho no Thrash; e a conversa com o público se dá pela música em si: fãs cantando refrãos, "jogos" com o vocalista Bush, coro aqui e ali pelas canções. Bush manda escolher entre Chemical Euphoria e Raising Fear, e o público brasileiro escolhe a segunda opção, participando, mesmo que pouco, do set list. Aliás, Bush é o carisma em pessoa, puta presença de palco! Fora uma técnica vocal inquestionável... O ápice da apresentação foi em The Aftermath quando o mesmo sobe no balcão do bar da casa para cantar e desce junto ao público, sendo rodeado pelos fãs em uma roda, numa atitude humilde por parte do vocalista e respeitosa por parte dos fãs; mágico!
Outro destaque é o baixista Joey Vera.. Mostro! O que toca ao vivo é impressionante, em muitos momentos os arranjos do contrabaixo sobressaindo a duas guitarras!!! E igualmente a Bush, agita sem parar, utilizando todo o palco e fazendo caras e bocas aos fãs. Claro, a banda em si é coesa e afinada, uma perfeição no som, de uma qualidade imensa, apesar de ter ficado absurdamente alto - um ponto negativo, porém não atrapalhou em absolutamente nada a apresentação... Após Bush voltar ao placo depois de cantar entre os fãs e rumando ao final, foi porrada atrás de porrada: Left Hook From Right Field, Reign of Fire e Can U Deliver, para delírio dos fãs, verdadeiras jóias da história do Heavy estadunidense perdido no tempo; aliás, o público que me preocupou no começo, triplicou no Armord Saint me surpreendendo, vendo como a banda é um tanto cultuada no Brasil. E finalizam a apresentação sem rodeios com Mad House!
Devido às proporções, uma apresentação do Armored Saint não fica nada, nada, nada atrás de medalhões do Heavy Metal, em questão de energia e qualidade sonora; aliás, não teve palco e nem iluminação estrondosa, bastou eles ali, com garra, profissionalismo e principalmente alegria de estar em palco para que essa apresentação figure entre uma das melhores que já vi no estilo. Uma belíssima estreia - ainda que demorada - do Armored Saint em terra brasileira, e que retornem mais vezes!
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