Nile em São Paulo
Publicada em 31, Aug, 2017 por Fabiano Cruz
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Nile é uma banda impressionante. Ao longo de sua discografia a banda nunca caiu de produção e possui uma qualidade cada vez maior em seus trabalhos; ver uma apresentação da banda é algo que espanta, tamanha técnica dos músicos e complexidade das composições, que vão muito além das formas do Death Metal, com elementos de escalas exóticas e orientais e harmonias não comuns ao estilo, tudo graças a Karl Sanders, principal cabeça da banda e exímio pesquisador da cultura do Egito Antigo. O último show da turnê mundial promovendo What Sould Not Be Unearthed foi essa única apresentação em terras brasileiras; a banda mostrou garra e profissionalismo ímpar ao driblar problemas como cansaço e outros pontos nos presenteando com uma verdadeira aula de Death Metal.
Começa por Sanders que tem total controle da situação. Como o Manifesto é um lugar pequeno, podemos observar os movimentos e preparos do palco, e com humildade Sanders toma conta de tudo: afina e prepara guitarras, olha cabeamentos, conversa como técnico de som e iluminação, prepara playbacks; enquanto o público já o ovacionava, ele manteve a concentração na produção comandando tudo e todos; impressiona, pois hoje uma banda possui uma equipe de roadies e técnicos que preparam tudo antes, mas não no caso do Nile.
Ao decorrer a banda teve contratempos: a casa teve quase sua lotação máxima, o que mal suporta e ocorreu fila gigantesca do lado de fora atrasando a entrada do público, o que ocasionou atraso de quase meia hora do horário. Aliás, me desculpem, mas o Manifesto não suporta shows a nível profissional. A realidade que a acústica é ruim, a visão do palco é ruim na maior parte dos pontos, nas primeiras músicas Sacrifice Unto Sebek e Defiling the Gates of Ishtar a bateria estava absurdamente alta e os vocais confusos e sem distinção, o que foi arrumado na medida do possível com calma ? porém rapidamente ? pelo Sanders e técnico. Infelizmente a banda aos poucos vem perdendo fãs no Brasil para poderem fazer show em casas a altura do som deles (fato que teve até mesmo mudança de local de última hora).
Problemas em parte resolvidos, o som melhorou e pudemos a partir de Khefir! admirarmos a qualidade do Nile. Que porrada sonora! Que absurdo! O primeiro destaque vem pelo guitarrista Brian Kingsland, integrado a banda esse ano no lugar de Dallas Toler-Wade que acompanhava Sanders a quase 20 anos... Substituir um membro que cresceu junto a banda não é fácil, mas Kingsland em nenhum momento se mostrou intimidado: ao contrário, se mostrou totalmente capaz a fazer parte da banda, um guitarrista extremamente técnico e que se sente a vontade. Outro ponto é o jogo nos arranjos vocais; Sanders, Kingsland e o baixista e vocalista Brad Parris cantam em linhas que a todo momento tecem tessituras complexas pouco vistas no estilo: vozes guturais e graves encaminham por meios de contrapontos ou harmônicos ou em corais ou em formas de pergunta/ resposta, dando efeitos nas músicas que em vários momentos tomaram a frente das guitarras.
Um set list bem equilibrado, o Nile misturou canções antigas (sempre ditas por Sanders como ?classical Nile?) como The Howling of the Jinn ? aclamadíssima pelos presentes ? a canções novas como Call to Destruction e In the Name of Amum ? essa arrancando um sorriso da banda pela receptividade do público brasileiro cantando junto. Impossível não ter se impressionado com a trinca final Sarcophagus, Unas Slayer of the Gods e Black Seeds of Vengance, terminando um show de quase uma hora e meia.
Outro destaque que merece ser mencionado foi o fato da banda reclamar o problema de celulares filmando a todo momento, atrapalhando não somente o público, mas também a banda, chegando a um momento de irritação de Sanders ? que nem os problemas da casa o irritaram a tal ponto ? quando falou a um presente que ?se não tirar a por** da câmera da minha cara, vou enfiaria ela no seu c*?. O local de show e esse fato me levou a duas questões que sempre fico pensando quando saio de uma apresentação: Primeiro, quando o problema de lugares pequenos será sanado, pois a shows desse porte em lugares do tamanho do Manifesto não temos um local ? em São Paulo ? realmente bom, com boa acústica, boa visão para o público entre outras coisas menores e, quando as pessoas se tocarão que ficar filmando a todo momento uma apresentação pelo celular, além de atrapalhar outras pessoas que também pagaram para ver, incomoda o músico em palco?
Mesmo com problemas aqui e ali, Nile terminou com perfeição e garra a atual turnê mundial. Resta agora é esperar um novo trabalho e quem sabe passar pelo Brasil novamente!
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