Grandes Clássicos da MPB em Inovadoras Versões: Zé Ramalho em São Paulo
Publicada em 06, Nov, 2016 por Marcia Janini
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Na noite do último sábado, 5 de novembro, o cantor e compositor Zé Ramalho retorna aos palcos paulistanos em única apresentação no Tom Brasil.
Iniciando o show por volta das 22h15, com a execução da belíssima releitura para o clássico "O Que É O Que É" (Gonzaguinha), traduz ao samba exaltação original da canção uma balada soft, suave e com charmoso andamento ralentado, de forma ousada e com grande propriedade.
Traduzindo ares pop com elementos do rock na guitarra, e do reggae nos metais representados pelo sax tenor, a vigorosa repaginada no clássico "Galope Rasante" surge cheia de frescor e inovação, na deliciosa cadência do ska. Mais atemporal impossível!
Para "Kryptônia", arranjos novos surgem na suavidade do teclado, permeando as conversões ao refrão aliado ao sax tenor, que empresta seu brilho nas finalizações.
Em versão praticamente fidedigna ao original, o grande sucesso "Beira-Mar" traz a força da percussão com a bateria em condução firme aliada à zabumba nos breaks estratégicos que antecedem o refrão, numa roupagem despojada e repleta de elementos modernizadores, determinando o delicioso ar de atualidade.
A delicada balada "Entre a Serpente e a Estrela", surge como um dos especiais momentos do show, explorando além de sua original atmosfera blueseira, maior dinamismo em arranjos e andamento mais próximos ao classic rock.... Perfeito!
Despojado, com introdução ágil da guitarra solapada, o "Táxi Lunar" surge no andamento frenético do "galope" do forró, determinado mais uma vez pela brilhante percussão, na fusão com elementos de sonoridades difusas como os solos de derbak árabes, frutos da passagem dos mascates pelo nordeste brasileiro.
Clássica " A Terceira Lâmina" surge em versão também muito próxima à original. Ao "martelo" do baião, de andamento firme e cadenciado, se une o lindo clarinete em sonoridade que remete aos pífanos da gravação original.
O flautim traduz na agilidade e doçura de seus acordes a introdução em "firula" para a belíssima e atemporal "Banquete de Signos", resgatando a magia das madeiras, uma das mais especiais criações do cancioneiro tradicional nordestino.
A balada introspectiva "Eternas Ondas" apresenta nova roupagem, explorando acordes típicos do hard rock na bem conduzida guitarra e no vocal firme, urgente e habilmente modulado de Zé Ramalho. Lindo!!!
Com mais uma introdução especial, repleta de arrojada modernidade, o grande sucesso "Avôhai", seguido pela inspirada execução de "Vila do Sossego", determinaram mais bons momentos da apresentação com a incrível presença de palco, gerada pela grande desenvoltura e empatia de Zé Ramalho diante de seu público.
Um de seus maiores sucessos, a emblemática balada "Chão de Giz" em versão original, traduz um dos maiores momentos de comunicação do cantor com seus fãs. Sua performance individual traduz ainda o mesmo dinamismo e carga dramática dos primeiros registros. A melodia se funde com perfeição ao seu vocal de timbre único, com modulações e vocalizes de grande valor estético. Perfeito!
Sugerindo suaves elementos das sonoridades latinas nos bongôs, "Garoto de Aluguel" explora também nova roupagem, num flerte interessante com o pop. Os solos de flautim nas conversões traduzem charme à parte....
Além destas canções, clássicos como "Admirável Gado Novo", "Gita" e "Medo da Chuva" (em homenagem à Raul Seixas), "Frevo Mulher", "Sinônimos" e "A Vida do Viajante" (Luiz Gonzaga) constaram do setlist da apresentação que privilegiou os maiores sucessos de um dos mais representativos intérpretes brasileiros, em audaciosas novas roupagens, com o toque de simplicidade na perfeição que somente a genialidade deste artista possibilitaria, surpreendendo com a grande qualidade estética.
Para quem acredita que clássicos não podem ser alterados, Zé Ramalho nesta turnê nos apresenta exatamente o contrário, renovando e atraindo para o contexto musical atual suas canções de maior sucesso, num dos mais impressionantes shows de 2016!
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