Zeca Baleiro no Teatro J. Safra, da Introspecção ao Furor
Publicada em 14, Feb, 2016 por Mumu Silva
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O cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro, se apresentou no Teatro J. Safra, sexta-feira (12/02), em São Paulo. Mostrando um repertório cheio de surpresas e improvisos diversos ao som de seus 4 violões, ele conduziu a plateia toda como quis, levando todos da introspecção ao furor.
Descontraído vestindo um jeans, camiseta gola careca vermelha e boné, Zeca baleiro sobe ao palco andando leve e devagar, sorrindo um meio sorriso, daqueles de nordestino tímido e simpático.
Três músicas foram o suficiente para que Zeca estivesse totalmente à vontade com o público do teatro, que respondia prontamente a seu interlocutor, como nos shows de Oswaldo Montenegro. De forma simpática ele contava histórias entre as músicas e interagia com a plateia. Contou a famosa história que Roberto Carlos contratava mulheres para ligarem para as rádios pedindo suas músicas sem parar, dessa forma entrando para as paradas de sucesso. Ele disse não se importar se fizéssemos o mesmo por ele.
“Lenha”, “Flor da Pele” e “Quase Nada” foram algumas das músicas muito bem interpretadas e cantadas pela plateia em um tom bem leve, provavelmente respeitando por estar em um teatro, e não casa de shows.
Entre as famosas interpretações estavam “Mamãe Oxum”, do compositor Chico Cesar, que foi deveras elogiado por Zeca Baleiro e também o hit de Charlie Brown Jr., “Proibida Pra Mim”, esse um dos pontos altos do show.
Havia um amigo do cantor na plateia e eles fazem piadas internas entre si, todos riram por gostar de ver tamanha liberdade, mas sem entender nada é claro. Zeca então diz: “Esse assunto terminamos mais tarde, meu amigo”. Então antes de começar a tocar a música “Telegrama”, uma moça o interrompe dizendo: “Essa é a música favorita dele”. O maranhense então responde dizendo que essa é especial para seu amigo.
Zeca arrisca cantar algumas músicas pela primeira vez, erra a letra e diz que não lembra mais como cantar. Rindo, ele pede para alguém de sua produção entrar nos sites de cifras e trazer o restante da música para ele, enquanto espera a música que nunca chega, ele conta que adora entrar nesses sites para ver suas músicas, e como tem muitas que estão lá, mas não lhe pertencem, dando exemplo de uma música chamada “Puta”, que está atribuída a ele, mas que ele a desconhece por inteiro, então diz para o público: “Eu adoro as putas e queria ter uma música chamada puta, pena que não tive tempo para fazer uma música, mas já que tem esta lá no site como sendo minha, saibam que eu até gosto, mas não fui eu que compus”.
O show vai chegando ao seu fim e o músico faz muitas piadas, agradece de forma efusiva a todos os presentes por participarem dessa loucura no teatro J. Safra, fazendo alusão ao nome proposto para o show, Entressafra. Todos riem e ele se despede acenando.
As pessoas então se levantam e em grande número vão até a frente do palco, quando o músico volta para o bis, fala um pouco de Raul Seixas e toca sua, já clássica “Toca Raul”. Todos dançam e cantam, sem respeitar numeração de poltronas, o clima era de pura alegria e furor. E com esse clima alegre ele se curva inúmeras vezes se despedindo do público e prometendo voltar em breve.
Dessa vez entre o público paulistano, ele não ficou "só, sozinho", nem "triste, tristinho como a top model magrela na passarela", aqui em São Paulo, Zeca Baleiro é amado, respeitado e sempre desejado.
Eu já havia assistido alguns shows do cantor e compositor Zeca Baleiro, uns muito bons, outros nem tanto, porém, nunca havia visto ele tão à vontade para fazer o que desse na telha, até cantar músicas que ele não lembrava a letra. Acredito que foi o melhor show que eu assisti desse simpaticíssimo e consagrado músico nordestino, que com apenas com um banquinho e seus violões, levou quase 700 pessoas ao mais puro e sincero furor. Que seja breve seu retorno.
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