Over and Over: Morcheeba em São Paulo
Publicada em 13, Nov, 2014 por Marcia Janini
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Na noite da última quarta-feira, 12 de novembro o Citibank Hall rendeu-se ao charme e carisma do Morcheeba, uma banda repleta de bossa e groove retrô, sem perder o tom de modernidade.
Sob o privilegiado esquema de iluminação, apresentando tonalidades de meia luz criando atmosfera acolhedora, a banda entra suavemente no palco.
Skye Edwards inicia a interpretação da delicada "Trigger Hippie"; com simples e belo trabalho da percussão determinado pela caixa de madeira, sutil ar caribenho contribui para o charme desta canção, trazendo em sua métrica o andamento doce dos boleros, na fusão com o jazz, emoldurado pela interpretação inspirada da cantora, denotando velada sensualidade em seu cristalino vocal.
Dotada de timbre suave e aveludado, a voz do grupo destaca-se em meio à sonoridade que explora a fusão do jazz com elementos latinos, remetendo aos anos 50. Elegante e versátil, a banda adapta ainda elementos de diversas vertentes da black music, como o r&b, charme, o soul e o blues sulista, com grande propriedade e qualidade estética.
Após a malemolente e sedutora "Under the Ice" traduzindo os acentos melódicos do standard, a swingada "World Looking In", levemente dançante, traduzindo aura menos introspectiva ao espetáculo, em um momento de descontração.
Mantendo a aura lúdica, a intérprete convida todos a se embalarem ao som groove, de tonalidade psicodélica de "Part of the Process". Digna de menção a decisiva participação do baixo nesta canção, determinando o andamento cadenciado, em acordes poderosos.
"Otherwise", adotando atmosfera mais próxima do pop, apresenta a fusão suave entre charme e elementos do soul, remontando à musicalidade que daria origem à disco music. Perfeita!
Com introdução densa, bem pontuada pelos acordes suspensos do teclado "Moog Island" surge traduzindo em seu bojo elementos do blues nos acordes das guitarra e no andamento ralentado impresso pela cadenciada bateria.
Na sequência, "Col" e "Blood Like Lemonade" com suas imersões no universo da jazz fusion traduzem melodias ricas em cromatismos e suaves variações dinâmicas, numa simplicidade estudada, bem cuidada, trazendo todo o charme e elegância do passado em conjunto com as inovações das contemporâneas canções soft e lounge. Ousado e criativo!
Após a execução da deliciosamente açucarada "Slow Down", o grande hit "The Sea", abordando suavemente o universo folk e os acordes alegres do reggae, determina maior peso dinâmico à composição, moderna e descontraída, em um dos grandes momentos do espetáculo.
"Blindfold" em toda sua doçura e simplicidade, brilha na magistral interpretação de Skye, que aborda modulações complexas e precisas nas finalizações de estrofes, em um dos melhores momentos de sua bela performance vocal.
Além destes grandes sucessos, constaram da excelente apresentação o dançante groove de aura gospel "Rome Wasn´t Built In a Day", sendo reservados para o momento do bis "Over and Over", "Fear and Love" e "Let Me See".
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