“Rock In Sampa” Parte 2: Nickelback e Bon Jovi
Publicada em 24, Sep, 2013 por Marcia Janini
Nickelback entra no palco do Morumbi rigorosamente as 18h30 com seu pop rock de melodia dinâmica e contagiante, traduzindo às canções elementos esparsos de vertentes eletrônicas, em composições atuais e cheias de vitalidade.
Aparato de palco simples, contando como recursos visuais apenas o bom esquema de iluminação e os telões laterais que exibem imagens do palco, caracterizam ainda mais o clima despojado e intimista da apresentação, estabelecendo boa sinergia com o público.
“Something in Your Mouth” apresenta elementos do eletro e country rock em alguns momentos do fraseado vocal, próximos às conversões para o refrão numa sonoridade consistente e interessante.
Romântica “Photograph” explora a suavidade do retrô na melodia simples. Belos arranjos do violão de aço e suaves variações da bateria determinam o charme da bonita composição...
Nem o friozinho, o vento e a chuva torrencial (porém, felizmente passageira) que desabou sobre o estádio na metade da apresentação, pôs fim à animação do público, que acompanhou em uníssono as canções executadas, num efeito belíssimo de se observar e ouvir.
Carismático, o front man Chad Kroeger esbanja simpatia, interagindo com o público, em perfeita interação palco/plateia.
O set list, composto em sua maior porção por baladas românticas, apresenta sonoridade suave, calma. Elementos de variadas vertentes do rock e música pop surgem nas melodias acompanhadas por letras que discorrem sobre paixões e cenas cotidianas.
Impressionante o solo de bateria, seguido pelo instrumental totalmente voltado ao hard rock clássico, encerrando “Too Bad” em demonstração de vigor, agilidade, técnica e especialmente descontração, diversão pela realização do show.
Com fortes influências no country rock, suas baladas de acordes deliciosamente dedilhados e notas solapadas das guitarras, seguidas pela bateria em tonalidades suaves acompanhadas pelo baixo em contraponto ditam a tônica de sucesso desta bem sucedida apresentação.
Iniciando a apresentação às 20h com “That´s What the Water Made Me” canção de seu novo trabalho, Bon Jovi é aclamado calorosamente por seus fãs. Nota para o violão de aço e guitarras distorcidas, criando na melodia aura etérea, contrabalançada pelos teclados. Canção alegre, de andamento contagiante em meio à vigorosa bateria cadenciada.
Como aparato cênico, apenas telão de fundo de palco, exibindo imagens esparsas, em meio às capturas do show. Verdadeira viagem ao universo de canções que compõem a trilha sonora de nossas particulares viagens cotidianas, o espetáculo explora com charme, graça e leveza este conceito temático, por meio do carro sempre a rodar por vários ambientes e paragens expressos no ciclorama/ telão de fundo. Excelente ambientação da turnê, que surpreende pela excelência técnica em meio a tamanha simplicidade.
O clássico "You Give Love a Bad Name", segunda canção interpretada, surge levantando o público. Em excelente forma, os músicos dão show de agilidade, energia e técnica.
A vinheta para a próxima canção, clássico do hard rock, é bem elaborada pelos recursos de cenotécnica, que ambientam "Raise Your Hands", uma das canções do início da carreira da banda há muito não interpretada em shows, que surge como grata surpresa aos presentes.
Introdução vigorosa dos teclados, em ataques ágeis na execução de mais um grande clássico, permeado pela linha de baixo em dub e bateria em progressão ascendente. Guitarras distorcidas em andamento frenético ditam a tônica de descontração, tornando “Runaway” atemporal, com suas influências no soft rock.
Com a impecável cadência do soft californiano a balada suave “Lost Highway” traduz um momento de leveza na arrojada apresentação. O violão de aço dedilhado na introdução revela as influências no country rock desta linda composição que assinala a fase pop contemporânea da banda, já nos anos 2000.
Intitulando a turnê de lançamento deste atual trabalho, “Because We Can já traduz o ar pueril e delicioso do rock 60´s na melodia, no andamento simples e no coro... Passa em revista os dourados anos da British Invasion, sem perder o foco na atualidade. Great! Nota para a guitarra de Richie Sambora, que surge brilhante, explorando acordes simples e por isso mesmo contagiantes. Canção que pôs o estádio todo para dançar e cantar junto!
Outro clássico pop do início dos anos 90, “Keep the Faith” traduz na melodia linear, simples e consistente a aura de contida rebeldia expressa na letra, repleta de alusões e mensagens positivas.
O single “(You Want To) Make a Memory” e “Captain Crash & the Beauty Queen From Mars” traduzem na fusão com o rock acordes dançantes extraídos das sonoridades das festas e bailes 70´s. R&B e soul music surgem como influências visíveis nestas canções. Divertidas e atuais, apresentam atmosfera descontraída e grande energia. Os breaks estratégicos prenunciando o refrão, seguidos pela explosão da bateria em andamento constante surgem como bons recursos.
Urban “We Weren´t Born to Follow” traz na melodia baixo em dub, explora com maestria as influências no dançante universo da black music, com direito a skratches e rumbeiras maracas tocadas por Jon. Em extended version, transforma o estádio em uma grande discoteca, onde a máxima é a diversão, mesclando a sonoridade do garage ao rock. Great!
Versão acústica, apenas voz e violão, denota aura crooner, com fortes influências no blues e jazz em momento de suavidade na enérgica apresentação, determinada por “Who Says You Can´t Go Home”. Esparsos acordes do teclado em notas doces e acompanhamento mod da bateria e cordas traduz atmosfera suave a esta linda balada.
Nota para os teclados em “I´ll Sleep When I´m Dead”, trazendo um diferencial clássico no refrão em meio aos riffs dissonantes das guitarras, em cromatismos elaborados, em uma melodia pautada na cadencia do hard rock, prenunciando o cover do clássico "Start Me Up" de Rolling Stones, que surge como canção incidental. Muito bem sacado!
Mais um clássico do início da carreira ”Bad Medicine” empresta o peso do hard rock ao espetáculo com inegáveis toques e elementos do heavy metal e da sonoridade 60´s por meio do teclado blueseiro, em acordes malemolentes e contagiantes seguidos pelo fraseado vocal repleto de modulações inusitadas e displicentes e charmosos vocalizes no refrão. Bela finalização, incita a ovação do público em mais um belo recurso muito bem explorado por este show man que emenda um verdadeiro coral gospel (“Shout” de The Isley Brothers), traduzindo ao momento o swing contagiante dos cultos protestantes... Muito, muito bom! Após um pequeno break estratégico, ”Bad Medicine” é retomada em mais uma finalização primorosa. Sem dúvida, o grande momento do show que contabilizou público aproximado em 60 mil pessoas!
|