Rock Alternativo Na Contemporaneidade: Keane
Publicada em 18, Apr, 2013 por Marcia Janini
No último dia 03 de abril, a banda inglesa Keane apresentou-se no Credicard Hall.
Subindo ao palco por volta das 22h00, o show principia com suavidade, já prenunciando a atmosfera intimista e aconchegante que se manteria durante a apresentação, determinada pelo cenário simples e despojado, apresentando apenas ciclorama e iluminação periférica.
A composição “You are Young”, explorando vertentes do pop e folk rock, traduz nos acordes precisos do piano bem temperado de Tim Rice-Oxley, acompanhado pela bateria e violão com acompanhamento em pianíssimo, ascendendo para tonalidade andante na cadência do soft rock a partir da segunda estrofe, um lindo momento do show, emoldurado pelo inspirado vocal de Tom Chaplin, de timbre suave e afinação ímpar.
Após “Bend and Break” de andamento pop determinado pela bateria cadenciada de Richard Hughes, “On The Road” apresenta o charme das influências no country rock, com delicados e esparsos acentos do piano, pontuando a canção. A letra, de boa construção estilística também faz alusão à temática.
Densa, introspectiva, a balada “We Might as Well Be Strangers” traz na introdução lindos e preciosos acordes do piano e uma interpretação vocal inspirada na introdução. A bateria, em crescendo apenas no refrão, conserva a atmosfera de contida melancolia apresentada na melodia.
De inspiração retrô “Nothing in My Way” remonta às love songs 80’s nos arranjos de movimento cíclico da introdução. Nota para a bela performance vocal de Tom Chaplin, explorando oitavas altas, com grandes variações, modulações e solfejos de intrincada técnica.
“Silenced by the Night” faz forte alusão à new wave 80’s em sua fase inicial, determinada pela métrica da melodia, de arranjos simples e fraseado vocal fluido, sem grandes variações em tonalidade. Simples e bela, apresenta teclados que ditam a tônica retrô da canção, sem afastar-se das tendências atuais.
Um de seus maiores sucessos “Everybody’s Changing” apresenta piano em escala cíclica, na melodia em estrutura de rondó. Recursos de samplers eletrônicos esparsamente presentes criam aura de modernidade, para esta canção de tendências indie.
A minimalista “She Has no Time”, romântica e suave em pianíssimo, traz na bateria de acordes espaçados ampliando suavemente no refrão toda a sensibilidade de uma letra bem explorada pela interpretação vocal em oitavas altas, agudas, tocantes. Com propriedade, o intérprete dosa bem seus extensos recursos, evitando descambar no romantismo piegas. Projeção poderosa, dicção perfeita e modulações precisas, técnicas fazem deste um dos pontos altos da apresentação.
“Hamburg Song” remonta ligeiramente no fraseado vocal ao R&B de acento oitentista na introdução e a esparsos elementos da soul music. Com desenvolvimento em solfejos e vibratos delicados, o bem pontuado vocal de Tom mais uma vez surpreende pela técnica e beleza estética de seu timbre diferenciado, numa interpretação de alto teor, acompanhado apenas pela execução do piano a quatro mãos. Perfeito!
Além destes sucessos, canções como “Neon River”, “Spiralling”, “A Bad Dream”, “My Shadow”, “Disconnected”, “Is It Any Wonder?”, “Bedshaped” e “Crystal Ball” constaram do elaborado set list.
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