Red Hot Chili Peppers em São Paulo
Publicada em 24, Sep, 2011 por Marcia Janini
Na última quarta-feira, o Estádio do Anhembi recebeu cerca de 30 mil pessoas para assistir ao show da banda californiana Red Hot Chili Peppers, uma das principais expoentes da renovação do movimento hard rock em meados dos anos 90, com abertura da inglesa banda indie Foals.
Em apresentação descontraída, os rapazes do Foals subiram ao palco por volta das 20h30 trazendo sua mescla de influências em sonoridade inovadora e suavizada.
“Olympic Airways” traduz na fusão de elementos do punk ao hardcore e ska com baixo em dub e bateria cadenciada, executada com agilidade por Jack Bevan, a inusitada e criativa melodia, traduzindo em sua modernidade atmosfera suavemente retrô, em uma canção contagiante e repleta de vitalidade.
Principiando com suave e dedilhado riff de guitarra na introdução, “Total Live Forever” traz a alegre junção entre hardcore e jazz, determinada pelo bem pontuado baixo em dub de Walter Gervers e gracioso predomínio do teclado de Edwin Congrave, para refrão simples, de fácil assimilação, remetendo em sua empolgante melodia ao psicodelismo.
A divertida “Cassius” traduzida pelo hardcore de ascendência 70`s, apresenta a rascante guitarra de Jimmy Smith, aliada ao baixo e ao inusitado arranjo em notas suspensas do teclado. O mais interessante desta canção é a aura de envolvente mistério, com tonalidades que remontam ao furor latino em andamento vigoroso. Dançante…
Utilizando-se de boa base de sintetizadores com influência no post-punk 80`s, a deliciosa “Balloons”, traz explosão de energia tanto na execução da melodia quanto na interpretação de Yannis Phillippakis, dotado de arrojada técnica vocal e grande simpatia em sua comunicação com o público, demonstrando grande presença cênica.
Além destas canções, constaram do set list da banda “Blue Blood”, o moderno ska de “Miami”, “Spanish Sahars” representando o new folk e “Red Socks Pugie”.
A aguardada Red Hot Chili Peppers inicia sua apresentação às 22h30, com “Monarchy Of Roses”, seguida por “Can`t Stop”, balada hard na fusão com o ska.
“Tell Me Baby”, já principia descontraída e cheia de bossa, num swing gostoso que une o hardcore ao fraseado hip-hop, exibindo a técnica vocal de Anthony Kiedis em sua grande versatilidade.
Traduzindo o lado mais contundente do hard rock, “Look Around” apresenta um ponto importante no show, traduzido em alto e bom som, seguindo verve mais ousada, num show da bateria em exímia condução de Chad Smith e acordes ágeis da guitarra de Josh Klinghoffer.
Num grande trabalho da percussão em conjunto com a bateria “Factory of Faith” traduz linha de baixo em dub de Michael “Flea” num belo contraponto, ressaltada pela guitarra distorcida em lancinantes agudos.
“Throw Away Your Television” e “Me & My Friends” traduzem tendência mais próxima ao pop rock, nas melodias inovadoras, e elementos esparsos como vocalizes sobrepostos e demais recursos modernizadores.
Remetendo ao classic metal, “Did I Let You Know” a melodia traduz peso, cadência e andamento constantes, remetendo distantemente às sonoridades street pelo fraseado ágil de Kiedis.
Em inusitada versão para o clássico de Stevie Wonder “Higher Ground”, traz introdução em reggae de andamento cadenciado e dolente, remetendo longinquamente ao coco ou embolada, ascendendo para a sonoridade do ska. Nota para o trompete, elemento que manteve a atmosfera da versão original da canção em meio aos modernos arranjos.
Mais surpresas aguardavam o público, como a execução de “Pie”, que não constava de set lists de shows da banda desde 2006, provocando forte reação do público.
O solo de bateria de Chad Smith, também inusitado, mostrou uma fusão de ritmos latinos que ousadamente pontuaram a noite rock, causando certo estranhamento no público, ao trazer tamborins do samba brasileiro unidos a elementos da rumba, salsa e até (pasmem) da cumbia!!!
Igualmente ousada, “Dance, Dance, Dance” trouxe elementos de percussão que poderiam apresentar correspondência ao manguebeat tanto na melodia quanto na letra espirituosa, além de traduzir forte influência na disco 70`s. Criativa, uma canção literalmente para dançar, como bem prenuncia o título.
Devolvendo atmosfera mais séria e calma à apresentação, a linda balada romântica “Don`t Forget Me”, exala suavidade no bem conduzido teclado e na inspirada performance do intérprete.
Entretanto, os pontos de verticalização do show surgiram na execução de grandes sucessos, como “Scar Tissue”, “Otherside”, “Under The Bridge”, “Californication”, “By The Way” e “Give It Away”.
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