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Rock “Delirante” em São Paulo

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Publicada em 13, Jun, 2011 por Marcia Janini

Clique aqui e veja as fotos deste show.


No último sábado, 11 de junho, o rock baiano de Pitty e banda deu mais uma vez seu recado, num show de técnica e personalidade com o lançamento do DVD “A Trupe Delirante no Circo Voador” no Citibank Hall.

Nota para o bem projetado esquema de iluminação, remetendo em tudo aos porões dark alternativos, casas noturnas que eram ponto de encontro da juventude entre a metade dos anos oitenta e início dos anos noventa, com a presença de strobbos, luz negra e spots que exploravam tons soturnos, espectrais.

A apresentação teve início por volta das 22h30, verticalizando já desde o início, com a execução de “8 ou 80”, com sua letra introspectiva discorrendo com elegância e estilo sobre dilemas existenciais e melodia consistente na cadência do heavy metal, com influências no post-punk determinadas pela bateria cadenciada e guitarra distorcida em notas rascantes de Martin Mendonça. Remetendo ao andamento dark-wave, os teclados em suspensão e a interpretação do vocal de Pitty em tonalidades guturais auxiliam na construção da atmosfera densa da canção.

“Fracasso” é mais uma canção que bebe desta fonte musical, com influências no andamento de inspiração post-punk/ dark, na fusão com suaves notas de hard rock no refrão.

Alternando para sonoridades voltadas ao pop com influências no new wave 80`s e bateria cadenciada com elementos do punk rock, a contagiante “Memórias” aponta mais um ponto alto do espetáculo. Break estratégico na finalização, chamando a atenção para a energia punk, convida à formação de pequenas rodas de “pogo” no fundo da sala.

Em mais uma ousada e criativa fusão entre o peso metaleiro do refrão e o apelo dramático do tango, “Água Contida” traz introdução rica em belíssimo arranjo determinado pela perfeição clássica do violino de Hique Gómez em junção com o teclado de Brunno Cunha e a suave condução da bateria de Duda Machado.

Desconstruindo literalmente sonoridades comuns ao ballad rock, a melodia de “Desconstruindo Amélia” traduz graves reforços do baixo de Joe, numa performance conjunta de grande efeito dos teclados suspensos e bateria cadenciada, na formação de um clima denso à canção de notas ralentadas.

Remetendo à new wave, com letra divertidamente romântica, alegre e com cadência contagiante, “Trapézio” traduz interessante estrutura de rondó em sua notação, e curta duração, com suaves elementos extraídos de sonoridades como o baião nordestino, determinadas pela bateria e baixo. Criativa e inusitada!

Passeando entre peso e suavidade com grande propriedade, “Medo” traz introdução grandiloqüente no bem pontuado teclado de Brunno Cunha, na cadência clássica do hard rock de influências 70`s, com a bateria frenética do metal nos pontos de conversão aos refrões, numa canção interessante, realçada pela força do vocal de Pitty.

Trazendo a sonoridade do coco de embolada e a ousadia das rodas de capoeira baianas na introdução, com o apoio do público nas palmas “Todos Estão Mudos” prossegue em andamento acelerado, que remonta esparsamente ao maracatu pernambucano, numa espécie de retorno às origens do movimento “manguebeat”. Inusitada fusão com o rock agressivo e ousado, traduz ainda em seu bojo, o country americano de raiz, na sonoridade das cavalhadas de far West, especialmente na finalização da canção, em mais um bacanérrimo e descontraído momento do show.

A inédita canção lançada nesta turnê “Comum de Dois” remete também ao movimento baiano da Tropicália em arranjos diferenciados na introdução, verticalizando no refrão... Mais uma interessante reinvenção sonora entre soft rock e ritmos nordestinos, traduz na letra romântica grande força poética.

O show ainda trouxe gratas surpresas, como a versão para “Se Você Pensa”, clássico de Roberto Carlos em 1969... Cheia de bossa, com recursos modernizantes, na cadência do hardcore sem modificar a estrutura da melodia. Muito bem sacada!

No repertório, surgiram ainda grandes sucessos da carreira da banda como “Só de Passagem”, “Máscara”e Admirável Chip Novo”(do álbum homônimo de 2003), “Anacrônico” (com seu interessante trocadilho na letra, remetendo à Cartomante, canção de Ivan Lins), a depressiva “Pulsos” lançada na turnê (Dês)Concerto (2007) e uma das canções mais executadas pelas rádios FM nos últimos dois anos: “Me Adora”.


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