Lendas do power metal em São Paulo
Publicada em 11, May, 2011 por Marcia Janini
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Com início às 22h00 da última sexta feira, 06 de maio, o Credicard Hall recebeu duas das bandas pioneiras do power metal: Stratovarius e Helloween, para um público de aproximadamente 4 mil pessoas.
O cenário simples, apenas com cicloramas que ostentavam os logotipos das bandas, foi compensado pelo intrincado sistema de iluminação, projetado na medida certa, auxiliando a ambientação densa do espetáculo.
Os finlandeses do Stratovarius iniciam sua apresentação com introdução pautada no medievo celta, embutindo os acordes iniciais de “Infernal Maze”, com andamento frenético determinado pela bem pontuada bateria de Jörg Michael e belos efeitos de reforço nos graves do baixo de Lauri Porra. O vocal de Timo Kotipelto traz empolgantes modulações nas conversões e agudos profundos de larga extensão que remete ao metal melódico, ampliando o potencial dos elaborados arranjos da guitarra de Matias Kupiainen em dissonante ascendência. Riffs poderosos, verdadeira polifonia em meio a todo o preciosismo e ousadia da melodia, explorando o inusitado da composição: peso estratégicamente construído na melodia para a perfeita suavidade e urgência dos vocais.
“Eagle Heart” surge como hino, trazendo grande verticalização ao show, com vocal de mediano a grave em melodia cadenciada, com ascendência no refrão. Sugere marchas ou hinos militares, sem perder o forte tom nórdico que a caracteriza. Afinação diferenciada da guitarra lembra a sonoridade de flautas, remontando em andamento e cadência às canções folclóricas celtas, em estrutura de rondó na primeira estrofe da canção.
A “suíte” realizada em Phenix traz andamento e cadência aceleradas em crescendo, alternando entre a grandiloqüência dos momentos suaves, a ascensão para movimentos cadenciados nos refrões e a velocidade e ímpeto nas estrofes posteriores. A incrível condução da bateria com grande versatilidade e agilidade rouba totalmente a cena nesta canção, com vários breaks estratégicos, coroado pelas belíssimas modulações do vocal. O baixo desempenha importante papel, em perfeito contraponto, numa melodia diferenciada entre a cadência do progressive metal e do melódico.
O show apresentou ainda outros sucessos com grandes diferenciais, como os primorosos teclados de Jens Johansson na abertura de “Winter Skies” e a guitarra rascante na introdução de “Paradise”, pontuada pela maestria da bateria com apoio do baixo, trazendo refrão e letra fortes, consistentes. “Darkest Hours” traduziu ambientação densa nos teclados de Johansson, inteligentemente em suspensão.
Helloween apresenta cenário pouco mais elaborado, com plataformas que sustentavam canhões e spots de iluminação, proporcionando luz difusa e por vezes espectral no palco, entre as quais se apresentou todo o aparato da bateria, composta por muitos instrumentos.
A sonoridade grandiosa da introdução extraída da música erudita se mescla a vozes abafadas, como se o dial de um rádio estivesse mal sintonizado, num interessante recurso eletrônico adotado.
“Are U Metal” já inicia com teclados suspensos, numa sonoridade bem pesada, recorrendo à arranjos típicos do heavy e black metal, determinado pela bateria extremamente ágil e versatile de Dani Loeble.
“Eagle”, remonta ao progressive, em estrutura de suíte, iniciando com um pesado arranjo de black metal, apresenta variantes sonoras preciosas e dissonantes, numa bem combinada junção de elementos diversificados e pouco comuns entre si, culminando numa ótima finalização.
Nota para a bela introdução das guitarras distorcidas em diatônica ascendente da dupla Weikath/Gerstner em “Steal to Avenger”, pautadas pela bem conduzida bateria, numa cançào de melodia intrincada, belos recursos estilísticos e letra forte, com refrão bem determinado. O belíssimo vocal de Andi Denis entre agudos e notas de uma gravidade quase guttural arrematam o ímpeto desta canção.
Entretanto, os vocais de Denis brilham em “Sinners”, onde o intérprete expõe bastante de sua técnica vocal passeando por diferentes escalas sem perder o tom, inovando em sua bem construída interpretação. A melodia torna-se cadenciada em sua porção média, ascendendo vertiginosamente para andamento acelerado.
Traduzindo um quê pop, a introdução de “World of Fantasy” remete à recursos robóticos utilizados na sonoridade new wave 80`s. Outro bom diferencial da canção surge nos bem pautados backing vocals. Mais uma inusitada fusão de estilos.
A letra satírica e a melodia mais acelerada e com menos variantes de “I’m Alive” segue a cadência divertida e agitada do heavy metal, com boa participaçào do público.
A crítica social impressa na letra de “Stupid Mankind”, que retrata a estupidez da mente humana em sua sede de poder e destruição, é conduzida com vigor pela bateria de andamento acelerado de Loeble, aliado ao perfeito contraponto e apoio do baixo de Markus Grosskopf, com grandes variantes entre as estrofes e esparsos breaks estratégicos sustentando a força do refrão, em mais uma inspirada interpretação de Andi Denis.
Outros sucessos da banda, como “Forever and One”, “Handful of Pain”, “I Want You”, “Ride the Sky”, “Future” e “Dr. Stein” também constaram do seleto set list apresentado pela banda.
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