Dream Theater: Progressive Rock em São Paulo
Publicada em 22, Mar, 2010 por Marcia Janini
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Na última sexta-feira, 19 de março, o Credicard Hall recebeu em grande estilo o Dream Theater, um dos mais influentes conjuntos de rock progressivo da atualidade, em show da turnê “Black Clouds & Silver Linings”, com início às 22h30.
Na estrutura de palco, aparatos cênicos simples, entretanto, de grande efeito visual para a ambientação do espetáculo, constando de ciclorama que exibia imagens de céu nebuloso em P&B, emoldurando o telão que reproduziu imagens bem selecionadas e adequadas à temática de cada canção, explorando de forma eficaz este importante recurso. Presas às gambiarras, mini-pernas de fino tecido, apresentavam plissado e recortes longitudinais nas pontas, criando um conjunto harmonioso e criativo frente à iluminação em estilo 3x4, com esparsos spots intercalados entre a estrutura metálica e as pernas anteriormente citadas.
Em mais um excelente momento da privilegiada iluminação, ao cair do pano e iniciar o espetáculo, após introdução grandiosa com excerto de música clássica, luzes laterais simularam efeito de espocar de fogos, com recurso de sonoplastia, transmitindo ainda maior veracidade à empresa.
A primeira canção executada “A Nightmare to Remember”, consta do mais recente trabalho da banda, produzido no ano passado, apresentando bateria cadenciada e guitarra com afinação padrão ao estilo heavy rock, numa interessante construção melódica, que remete ao medievo, com pitadas de death metal, numa composição voltada ao etereal. Em boas conversões de arranjos inusitados, predominam as grandes performances do baterista Mike Portnoy e do baixo de John Myung em contraponto. Os acordes do doentio e espectral teclado de Jordan Rudess e o surgimento de sintetizadores traduzem à excelente composição enorme peso estilístico. Sensacional!
“A Rite of Passage”, também do álbum atual, traz em sua introdução toques orientais, reforçados com brilhantismo pelo baixo de John Myung. A guitarra desta canção traduz aura diversa à cadência, devido à suave dissonância entre esta e a condução da bateria, apresentando criativo e surpreendente recurso na criação da melodia. A belíssima suíte destaca a maestria dos componentes da banda na condução de seus instrumentos, num belo momento solo do guitarrista John Petrucci, recriando de forma ímpar a sonoridade do violino, em acordes inspirados de grande extensão e poética leveza, remetendo ao cancioneiro celta. Incrível!!!
A introspectiva balada de “Wither”, apresenta estilo suave, explorando o vocal metálico e versátil do intérprete James LaBrie, de projeção e extensão altas e timbre diferenciado, suave e vigoroso, numa composição que prima pelo virtuosismo e precisão em belos arranjos e conversões bem pontuadas.
Além destas canções constantes do atual trabalho, a banda brindou o público com grandes sucessos da carreira, como Metrópolis (1992), “Hollow Years” (1997) e “Prophets of War” (2007). As execuções de “The Dance of Eternity”, “One Last Time” e “The Spirit Carries On”, todas do lendário álbum “Scenes From a Memory” de 1999, revelaram-se pontos altos de verticalização do show.
Para o momento do bis, a banda reservou mais uma canção de trabalho do álbum “Black Clouds & Silver Linings”, a densa “The Count of Tuscany” em progressão linear, apresentando belo contraponto entre os delicados acordes da guitarra e o vigor da bateria cadenciada, de tonalidade variável e andamento frenético. A bela fusão entre distintos e, por vezes, contraditórios elementos sonoros, provoca na melodia interessantes efeitos, finalizando-se em delicioso acento trovadoresco, em mais uma excelente canção que demonstra o enorme talento da banda.
Outro ponto importante a se ressaltar surge na comunicação palco/platéia, levada a termo de maneira sutil e elegante pelos carismáticos integrantes da banda durante todo o espetáculo, determinando o clima harmonioso de sinergia, em uma apresentação inspirada e em tudo bem estudada e preparada, resultando num grande espetáculo.
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