Força Representativa Do Rock Nacional: SP Mix Festival 2009
Publicada em 30, Nov, 2009 por Marcia Janini
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Com início por volta das 14h00 do último sábado, 28 de novembro na Arena Anhembi, o evento contou a participação das mais influentes bandas de rock nacional da atualidade, além de nomes consagrados do estilo, reunindo público de cerca de 27 mil pessoas, em sua maioria, adolescentes com idades variando entre os 12 e 17 anos.
Após a apresentação das bandas República, Hevo 84 e Stevens, iniciantes do circuito; os gaúchos do Fresno subiram aos palcos às 17h00, trazendo sua energia e vitalidade contagiantes na execução de grandes sucessos como “Redenção”, “Polo”, “Uma Música”, “Alguém que Te Faz Sorrir” e “Desde Quando você se Foi”. Às introduções bem elaboradas, com belos riffs de guitarra em distorção ascendente e à bateria cadenciada, de firme condução, percebemos elementos de variadas vertentes do rock, desde o classic metal até o progressivo marcante em “Vou te Esquecer”. Joviais e descontraídos, conduziram sua apresentação sem perder a boa comunicação com o público ou a seriedade de uma bela apresentação, onde se expressaram com grande estilo e categoria.
Subindo aos palcos às 18h00, Skank trouxe aos palcos canções do trabalho atual como “Ainda Gosto Dela” e “Sutilmente”, além de grandes clássicos de sua carreira, como “Jackie Tequila”, “Vou Deixar”, “Garota Nacional” e “Três Lados”, numa apresentação balanceada, que realizou pequena mostra de várias fases de sua carreira, desde o início com grande influência de reggae e ska até sua atual fase, mais romântica, introspectiva, com canções de melodia suave e letras que elegantemente convidam à reflexão sobre a afetividade. Nota para a excelente comunicação de Samuel Rosa com o público, em grande sinergia e para suas evoluções no palco com vocalizes e suaves variações de andamento e cadência no fraseado vocal, revitalizando seus grandes sucessos. Igualmente digna de menção as performances individuais dos músicos convidados, onde ao charme do violão, uniu-se o incrível trio de metais, trazendo grande vigor e energia, mesmo nos momentos mais calmos da apresentação, emprestando lirismo às baladas e incendiando as canções dançantes. Genial!
Na sequência, os santistas do Charlie Brown Jr. puseram o público, literalmente, para pular, agitar e cantar em coro uníssono todas as canções apresentadas, regidos pela contagiante e já conhecida irreverência de Chorão, brilhante em sua simpatia e comunicação aberta com o público. No set list, canções como “Ela Vai Voltar”, “Me Encontra”, “Vícios e Virtudes” e “Papo Reto”. A enérgica apresentação trouxe grandes sucessos da carreira além de canções de seu mais recente trabalho “Camisa 10 (Joga Bola Até na Chuva)”, numa bela fusão entre variadas vertentes do rock, desde o hardcore até o heavy, passando pelo punk com a contagiante sonoridade do reggae, ska e fraseado crítico e ácido do hip hop. Numa apresentação repleta de vitalidade, energia e bom humor, por meio das satíricas letras que retratam de forma única os dilemas e problemáticas cotidianas, realizando a crítica social de maneira contextualizada, elevando a linguagem street, sua marca registrada, à categoria de representante fiel dos anseios e desejos de toda uma geração. Deliciosamente instigante!
NX Zero realizou apresentação já com pontos altos de verticalização, logo na primeira faixa executada, com base de classic metal, guitarras distorcidas de afinação padrão e belíssimos arranjos e acordes, aliadas à bateria cadenciada, de excepcional condução. Ótimas conversões e finalizações de grande efeito também ditaram a tônica da apresentação. No bem escolhido set list, canções de grande sucesso na carreira da banda, como “Além de Mim”, “Razões e Emoções”, “Pela Última Vez”, “Cedo ou Tarde”, “Daqui pra Frente” e “Cartas pra Você”, além de canções inéditas do novo álbum “Sete Chaves”, como “Espero a Minha Vez”, embaladas pelo carisma e jovialidade dos integrantes da banda, cada qual com belas performances individuais, onde todos demonstraram mais uma vez seu talento e estilo.
Uma das mais aguardadas apresentações da noite, a cantora Pitty e sua banda subiram ao palco às 21h30, ainda sob suave garoa, depois de brusca mudança climática durante a apresentação da atração anterior, fato este que em nenhum momento fez arrefecer a empolgação dos presentes. Trazendo canções de seu novo CD “Chiaroscuro” e sucessos da carreira, a cantora realizou apresentação vigorosa, enérgica, cheia de charme e graça, além da grande irreverência e potencial vocal de belos recursos, influências marcantes em seu trabalho. Assim, o público cantou junto e se agitou com canções como a obra-prima “Admirável Chip Novo”, “Máscara”, “Equalize”, “Semana que Vem”, “Memórias”, “Deja Vu” e “Na sua Estante”; além das inéditas “Me Adora”, balada introspectiva que remete na temática e na letra satírica a ironia e fino humor resultante de desilusões amorosas; “Pulsos” numa explosão de estilo e grande qualidade estética, traduzindo-se em letra bem construída e melodia apoiada em poderosos recursos sonoros com distorções e variações precisas de andamento e cadência, numa composição ousada, que utilizou com grande propriedade, variados elementos de forma inusitada, fugindo ao óbvio.
Encerrando o evento, a participação de uma das maiores revelações ao estilo emocore brasileiro, a recém fundada banda Cine, já com boa receptividade e público cativo, com muita responsabilidade e categoria, sem perder o mote de jovialidade, marcante não apenas em suas canções, mas em seu visual, colorido e alegre, remetendo vagamente ao new wave 80’s. Em meio a enérgicas evoluções e volteios, com mini-coreografias durante a execução das canções, os integrantes da banda esbanjaram energia, carisma e até velada sensualidade em canções que já conquistaram o gosto popular como “A Usurpadora”, “Dance e Não se Canse”, “Se Você Quiser” e “Garota Radical”.
Assim, ocorreu a nona edição de um dos mais concorridos festivais musicais do ano, que traduziu, mais uma vez, a diversidade do rock brasileiro pela releitura de bandas de todas as regiões, desde o ska praiano de Santos, até a explosão contagiante da fusão ragga/rock mineira, passando pelo charme e irreverência apimentadas da Bahia e os ventos do bem orientado rock sulista, além do prático e cosmopolita rock paulistano. Excelente!
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