Vega em foco
Publicada em 13, Mar, 2007 por Marcia Janini
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Por meio desta entrevista, a banda Vega discorre sobre aspectos relevantes de sua carreira, mostrando-nos uma visão global sobre assuntos que vão desde sua musicalidade até considerações sobre o cenário musical brasileiro.
<b>Musicão:</b> Além de excelente intérprete, você assina as letras de grande parte das canções. Como se dá o processo de composição?
<b>Cláudia:</b> Depende muito do sentimento, do que está ocorrendo ao redor, são na verdade pensamentos, meio que autobiográficos, momentos pessoais. Escrevo sobre o que está dentro de mim e as pessoas se identificam muito com as letras, pois elas retratam a realidade cotidiana, as lutas, a questão de perseverar, não desistir do que realmente importa, em resumo, elas transmitem a esperança que deve estar dentro de cada um de nós.
<b>Musicão:</b> Quais são suas influências musicais?
<b>Cláudia:</b> O Mingau têm suas raízes no punk e no metal, minhas influências remontam à MPB e o Caio, no blues. É muito bom, pois todos mantêm suas identidades musicais em separado e a junção de tudo é o que torna o Vega o que ele é. Esse respeito às influências de cada um e a abertura às contribuições de cada integrante é fundamental ao bom andamento de nosso trabalho.
<b>Musicão:</b> Nos fale um pouco sobre este trabalho, o CD “Flores no Deserto”.
<b>Mingau:</b> O Cd na verdade foi composto antes de realizarmos qualquer show. Acabamos de gravá-lo e claro, surgiram algumas dúvidas, mas até agora, este foi um casamento que deu super certo.
<b>Musicão:</b> Como vocês reagem a este grande número de fãs que conquistaram em um espaço de tempo relativamente curto e que lotaram hoje o CCSP, cantando junto e fazendo esta fila homérica pra conseguir autógrafos?
<b>Cláudia:</b> Foi muito agradável e uma grande surpresa para nós, pois não fizemos uma divulgação muito maciça desta apresentação, só comparecemos no início da semana num programa da rádio Nova Brasil FM e postamos no e-mail do fã clube. Mas foi ótimo ver todo esse calor humano, ao temos muitos agradecimentos a fazer a todos aqueles que vieram e estiveram aqui conosco hoje, fazendo deste um momento único em nossas vidas e em nossa carreira.
<b>Musicão:</b> Vocês passaram um tempinho sem gravar... Como está sendo esse retorno e as expectativas para o lançamento de um novo trabalho?
<b>Mingau:</b> Bem, é natural que tenham ocorrido alguns pequenos, não diria erros, mas coisas que ficaram sem uma complementação maior no primeiro CD, que foi gravado às pressas, por imposição de nosso selo anterior, que conheceu o nosso trabalho e rapidamente quis lançar algo. Agora, depois de quase dois anos sem tocarmos juntos, cada qual trabalhando em seus projetos individuais, veio à mente fazer um novo disco, mais maduro, com mais tempo. O processo de criação deste novo CD durou cerca de um ano de muito trabalho e pesquisa, para realizar uma obra mais direta e coerente com a nossa proposta. Não adianta lançar álbuns por lançar, mesmo porque agora estamos numa fase diferente, em outro nível. Eu diria que o trabalho da banda amadureceu bastante, as fases de adaptação iniciais deram lugar à coerência, à criatividade de fazer canções mais técnicas, mais rebuscadas, coisa que não tivemos tempo pra realizar no primeiro CD.
<b>Musicão:</b> Como é o relacionamento entre vocês?
<b>Cláudia:</b> O melhor possível. Nós somos uma grande família, sem neuras ou estresses, onde como já mencionado antes, todos têm seu espaço para expor suas idéias e ofertar aos demais sua contribuição, procuramos ser o mais perfeccionistas possível em respeito à nossa arte e ao nosso público, mas sem pedantismo ou chateações desnecessárias. Somos muito felizes tocando juntos.
<b>Musicão:</b> Como vocês se conheceram?
<b>Mingau:</b> Em 1994, eu estava tocando com os Inocentes e em paralelo fazendo um trabalho no heavy metal, daí, conheci o Marcos numa loja de instrumentos musicais, a Rock Beat. Daí a idéia de fazermos algo juntos surgiu, pois era uma proposta totalmente diferente do punk e eu sempre quis fazer algo pop. Esse foi o início do Vega, depois eu entrei no Ultraje a Rigor em 2000 e aí demos um tempo com a idéia. Já passamos por duas formações anteriores, onde as vocalistas foram respectivamente, a Gisele e a Mara, pois desde o início sempre quisemos um vocal feminino. Após a saída da Mara, um amigo que conhecia a Cláudia nos apresentou e quando a ouvimos cantando e vimos algumas gravações dela em festivais, ficamos impressionados, ela caíra do céu e daí, estamos juntos até hoje.
<b>Musicão:</b> Como vocês analisam este momento musical brasileiro que atravessamos?
<b>Mingau:</b> Através deste show, nós vemos o resgate do público underground, que procura, que pesquisa, que quer ouvir boa música mesmo fora do circuito comercial. Isso lembra os anos 80 mesmo, pois na época, trabalhei com a banda Ratos de Porão e tocávamos muito no Napalm, que era na verdade o pólo, o centro da cultura underground, as principais bandas da época se revelaram e divulgaram ali seus trabalhos. Então, o que ocorreu hoje aqui me remeteu a esta época, onde as pessoas literalmente corriam atrás de coisas novas, que não tocavam em rádio e percebemos que o cenário underground, que havia adormecido nos anos 90, voltou a ter forte representatividade. Isso é muito bom!
<b>Musicão:</b> Existe previsão para o lançamento do novo trabalho?
<b>Mingau:</b> O Cd está pronto, só estamos esperando o aval da gravadora, para lançar e cair na estrada.
<b>Musicão:</b> À guisa de considerações finais...
<b>Mingau:</b> Queremos agradecer muito ao nosso fã clube, ao Márcio da Cema Records e ao pessoal que acredita no nosso trabalho, se mantém fiel e parceiro da banda nesses quase dois anos passados no “ostracismo”...
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