Rock com tempero brasileiro: Inferno embarca na musicalidade do Cuelho de Alice
Publicada em 16, May, 2007 por Marcia Janini
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Na última quinta-feira, dia 10 de maio, o Inferno recebeu em seu palco a banda Cuelho de Alice, que se apresentou em grande estilo através das fusões inusitadas entre as vertentes do rock e segmentos diferenciados da música brasileira, de forma atual, madura e coerente.
A banda que tem como líder no vocal e no baixo Paulão, da tradicional A Banda das Velhas Virgens, surpreendeu maravilhosamente o público ao mostrar um trabalho ímpar, de sonoridade criativa e letras reflexivas, de forte cunho social e humano, entretanto, de construção estilística mais densa, sem a irreverência escrachada da underground Velhas Virgens, revelando um intrincado trabalho de pesquisa em canções que aguçam de forma prazerosa os sentidos. Fantástico!
Formada por excelentes instrumentistas e através do já conhecido carisma e vitalidade de Paulão nos vocais, interpretando as canções de forma descontraída, com intensa participação do público, a banda realizou brilhante apresentação.
A guitarra clássica em afinação padrão dá lugar a malemolência do samba, o que traduz à primeira canção apresentada um ar urbano e moderno. A participação do cavaquinho faz uma interessante fusão entre o classic rock e o partido alto, numa melodia bem construída, de bases sólidas. A letra inteligente, interpretada na cadência do samba, traduz jovialidade e leveza à temática explorada.
A canção “Não É Mais Você” apresenta em sua construção melódica, além do heavy metal, com suas guitarras distorcidas e bateria menos cadenciada, de andamento rápido e corrente, o coco de embolada, característico do regionalismo nordestino, trazendo na introdução rica em variantes o pandeiro. Nas estrofes de belos acordes, com excelente verticalização, nota-se o preciosismo da letra, de qualidade ímpar. Sensacional!
Em outro ponto alto da apresentação, gratas surpresas na mescla entre o baião e o classic rock, em conversões perfeitas, onde não se percebe tão marcadamente a fusão entre os estilos, traduzindo-se numa sonoridade atual, interessante e inteligente. Além disso, essa bela canção apresenta andamento crescente, com grandes pontos de verticalização, através do surgimento de acordes extraídos do pop e do hard rock. Fantástico!
Dessa forma, o Cuelho de Alice apresentou melodias bem construídas, ricas em escalas, com polifonias e variações no andamento, no tom e nas maravilhosas cadências, num ritmo contagiante, explorando a brasilidade de forma coerente e adequada, traduzindo para uma linguagem simples construções complexas, através das letras repletas de atitude e esmerado cuidado com a forma. Simples, sem serem comuns, divertidas sem descambar no vulgar. Excelente e inspirada apresentação!
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