Re-Imperatur: Ghost em São Paulo
Publicada em 22, Sep, 2023 por Marcia Janini
No último dia 20/09, a banda sueca de doom metal Ghost, realizou a primeira de suas duas apresentações em São Paulo no Espaço Unimed, com início da apresentação por volta das 21h00 ao som das ágeis "Kaisarion" e "Rats" apresentando interessantes elementos que remetem à música erudita.
Na sequência, "Faith" apresenta andamento ralentado no instrumental das guitarras. Na ponte entre refrão e estrofe, dedilhados ágeis das guitarras explodem em cromatismos. Cadenciada, a bateria alia-se ao baixo potente em doom. Na finalização, rascantes das guitarras denotam peso extra. Amazing!
Auxiliando na ambientação de "Spillways", o baixo surge no contraponto à bateria, determinando maior dinâmica ao andamento. Alucinantes riffs das guitarras altas marcam a alternância das estrofes, emoldurando o potente vocal de Tobias Forge. Nas conversões ao refrão rascantes paletadas da guitarra surgem vigorosas, apoiando o lirismo do coro, que se abre em inspirados vocalizes.
Teclados em minimal na introdução para o hit "Cirice", se unem ao pesado instrumental, onde as guitarras exploram profundos rascantes. O baixo, tonitruante, apoia a força do refrão em belíssimo diálogo com a bateria em cadência e andamento constante. Criativos, belíssimos arranjos dedilhados das guitarras na finalização trazem colorido extra à melodia. Bom momento do show!
Tétrica, a sombria introdução de "Absolution" aponta dissonâncias no diálogo entre baixo e guitarra, unidas aos acordes dos sintetizadores em tonalidades densas. Em mais um potente momento de seu privilegiado vocal, Forge alia-se ao coro dos instrumentistas. Em uma bela performance, a condução da bateria alquebrada surge em conversões perfeitas e nada óbvias. Breaks estratégicos apoiam a força do refrão. Amazing!
Trazendo instrumental forte desde a introdução, "Ritual" apresenta o peso das guitarras e do baixo apoiados pela bateria precisa e extremamente técnica, contrastando com o vocal que explora tonalidades cavas e obscuras em tonalidades graves que ascendem e evoluem em variações dinâmicas de complexa técnica para rasgados agudos e vocalizes intensos. Grande momento da performance vocal de Tobias.
Em uma verdadeira avalanche sonora, a dinâmica "Call Me Little Sunshine" surge com envenenados riffs das guitarras e intensas variações em cadência, explorando os recursos do potente baixo em doom no contraponto à bateria firme, de condução precisa. Na finalização, dissonâncias das guitarras ácidas. Great!
Nos sintetizadores, causando estranhamento por meio da sonoridade densa em calculadas dissonâncias na criação de atmosfera diferenciada, surge "Con Clavi Con Dio" que ascende para uma melodia de andamento suavizado, abrindo espaço para complexos e belos riffs dedilhados das guitarras, apoiando o melodioso vocal, em uma canção que apresenta elementos hard/ heavy para uma moderna balada. Mais um importante momento da apresentação.
Trazendo a fúria do instrumental que evolui em cascatas sonoras bem pontuadas pela bateria pulsante, em junção com as guitarras em rascantes intensos e o baixo em contraponto auxiliando a manutenção do andamento, "Watcher on the Sky" traz nos vocais guturais e nas distorções da guitarra e dobrados da bateria mais um especial instante da apresentação.
Em mais uma grata surpresa no setlist, a criativa "Year Zero" traz como diferencial a bateria em condução diferenciada, em meio aos rascantes de guitarra e sintetizadores em acordes de notas suspensas, traduzindo à melodia aura de mistério e fatalismo. Bem definidos, os dedilhados das guitarras melódica e rítmica em interessante diálogo na finalização surgem em importante diferencial. Great!
Trazendo a sonoridade do canto gregoriano na introdução, a profana "He Is" com temática voltada ao fantástico, traz a bem casada costura entre a música erudita e o doom metal das guitarras rascantes em cadência alucinante, contrastando com a bateria em cadenciado ágil. Na porção média da melodia, as criativas guitarras realizam diferenciado trabalho, apoiando a intensidade do vocal, em um dos mais aguardados momentos da noite.
Melodiosa, a suavizada "Miasma" apresenta delicadeza em uma composição simples, que aponta em seu bojo elementos da sonoridade pop no andamento constante e a atmosfera dos madrigais e das bucólicas canções folk, em um diferenciado instante do espetáculo.
Dinâmica, a bateria em inversões, acompanhada pelas rascantes guitarras traz o potente instrumental de "Mary on a Cross". Poderoso, o baixo traz intensidade nos arranjos densos, sombrios, para uma melodia diferenciada, que abre mão dos vocais em uma roqueira suíte, repleta de variações dinâmicas, remontando ao rock progressivo. Ascendendo para uma inusitada jam session, a finalização traz o jazzístico solo do sax tenor de Papa Nihil. Impactante!
Em mais uma canção de andamento ágil, "Mummy Dust" surge determinando outro bom momento do espetáculo e da performance vocal de Tobias Forge, explorando tonalidades agudas em precisas e técnicas modulações, sempre apoiadas pelo brilhantismo do instrumental.
Visceral, a pesada "Respite on the Spitalfields" traz mais um instante de puro vigor e dinamismo na apresentação seguida.
Além dessas canções, constaram do set list grandes sucessos da carreira no momento reservado ao bis, como "Kiss the Go-Goat", "Danse Macabre" e "Square Hammer".
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