Baby do Brasil in Concert em São Paulo
Publicada em 08, Aug, 2023 por Marcia Janini
Na noite do último sábado, 5 de agosto, Baby do Brasil se apresentou no Teatro Bradesco em São Paulo, com uma nova turnê onde rememora sucessos de cinco décadas de carreira.
O espetáculo tem início por volta das 21h30 ao som de "Cósmica" onde a pesada introdução hard/heavy no diálogo insandecido entre as guitarras mélodica e rítmica, apresenta Beethoven e Bach além de "Stars" (Simple Red) como músicas incidentais em um medley cheio de bossa que ascende para o delicioso andamento da disco music, bem determinado pela bateria cadenciada tendo o baixo grooveiro em doom no contraponto. Genial já no início!!!
Em mais um dançante groove para "Paz e Amor", intrincados arranjos traduzem importante diferencial. Para as conversões ao refrão, as guitarras surgem soberanas em riffs altos, emoldurando o vocal enérgico de Baby. Nada óbvias, as evoluções da bateria dão um plus extra à melodia.
"Um Raio Laser" (Pepeu Gomes) surge na fusão entre o classic rock, o groove e elementos extraídos de brasilidades como o samba, em um caldeirão de ritmos.
Descontraída "Fazendo Música, Jogando Bola" traz os divertidos arranjos dos teclados, que exploram a agilidade e a tonalidade metálica tão típicas dos anos 80, permeados pelo baixo constante e pelo andamento frenético desenvolvido pela bateria.
Depois de "Ave Maria" (Gounod) numa ousada e inusitada introdução do teclado, repleta de solene e modernizada beleza surge o reggae de "Telúrica", que finaliza numa dinâmica linha heavy para metaleiro nenhum botar defeito. Amazing!!!
Em "Planeta Vênus" a interessante fusão entre a sonoridade latina e o pop permitiu o belíssimo solo do baixo em dub step de Ted Furtado na ponte entre estrofe e refrão. Elementos extraídos do bolero, calipso e outras sonoridades como o merengue latinos encontram o sofisticado piano standard, em mais uma composição de alta qualidade estética.
Trazendo o lindo Nocturno Opus 9 de Chopin no teclado em uma introdução totalmente diferenciada, com letra paródia divertida criada por Baby em um delicioso momento de partilha e sinergia com o público, surge a execução do sucesso "Menino do Rio" em mais um instante especial da apresentação. Great!
Em uma inspirada homenagem à Rita Lee para a execução de "Mania de Você", Baby traduz toda sua irreverência e ousadia em uma releitura pra lá de atual, descontraída, onde a velada sensualidade expressa pela letra encontra o furor dinâmico do rock determinado pelo instrumental da banda e pela esfuziante interpretação de Baby.
Momento totalmente inusitado no show, a execução de "Conceição", sucesso na voz de Cauby Peixoto, traduziu a elegância da sonoridade standard do jazz para a apresentação, revelando o lado crooner da cantora, permeado com propriedade pela belíssima guitarra de Júlio Camilo. Na finalização, o baixo em contraponto de Tony Furtado no diálogo com os acordes em minimal do precioso piano. Em mais uma surpresa preparada por Baby, surge o medley diferenciado com "Summertime" (Ella Fitzgerald/ Janis Joplin), em mais uma interpretação inspirada e cheia de personalidade. Amazing!
Dividindo generosamente o palco com a nova revelação da MPB Will Santt em voz e violão para "Desafinado" (Tom Jobim) no medley com "Izaura" (João Gilberto) Baby traz instante intimista de rara beleza, simplicidade e suavidade para a linear e dinâmica apresentação. Mais uma genial sacada da criatividade ousada de Baby do Brasil... Sublime!
Para mais uma participação especial, a percussionista Bel Besse e As Mulheres no Cajón trazem uma sonoridade firmemente pautada nos tambores africanos e no samba de raiz, para mais um medley do melhor do samba nacional com "Aquarela do Brasil" (Ary Barroso) e "Samba da Minha Terra" (Dorival Caymmi), emendando o reggae "Is This Love" (Bob Marley), e "Baião" / "Asa Branca" (Luiz Gonzaga), trazendo o xaxado de "Sebastiana" (Jackson do Pandeiro) e o frevo de "Pombo Correio" (Moraes Moreira).
Ainda contando com as percussionistas de Bel Besse o samba "Malandro" (Jorge Aragão) homenageia Elza Soares, que emprestou notoriedade à esta canção na década de 1970. Emendando o sucesso tropicalista "Brasil Pandeiro" da fase com os Novos Baianos, Baby tira mais trunfos da manga, em uma impressionante performance.
Homenageando Gal Costa, a roqueira "Dê Um Rolê", mais uma canção da carreira à frente dos Novos Baianos trazendo toda a energia e vitalidade do hard rock 70's, com elementos do progressivo, bem determinado pelos acordes em suspensão do teclado, no diálogo intenso com as guitarras distorcidas e a bateria cadenciada. Simplesmente demais!!!
Em homenagem ao antigo colega de banda Morais Moreira, surge a inspirada interpretação para "A Menina Dança", na fusão entre o baião e o rock n'roll, rememorando um dos maiores clássicos da fase tropicália da MPB...
Mais uma homenagem inusitada para Tina Turner, cheia de vigor no melhor estilo heavy metal, surge excerto das "Quatro Estações" de Vivaldi seguida por "The Best" em medley com "Stand By Me" revelando mais uma faceta da camaleoa Baby, em uma interpretação repleta de variações dinâmicas e vitalidade.
E assim transcorreu o show, em tudo bem elaborado e bem cuidado, que trouxe repertório maduro num setlist que contemplou as várias fases da carreira de Baby do Brasil, coroando a noite de êxito e da deliciosa vibração rock n' roll. Amazing!
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