O Jazz/ Soul de Snarky Puppy Chega a São Paulo
Publicada em 27, May, 2023 por Marcia Janini
Na noite da última quinta-feira 25/05 o Audio Club em São Paulo recebeu mais um show da turnê Empire Central Latin America 2023 do Snarky Puppy.
Abrindo a noite, a banda Silibrina traz seu empolgante jazz fusion com elementos extraídos de ritmos típicos do Brasil, especialmente da região nordeste, como o forró, o xote, o baião e o frevo, regados a generosas pitadas de bossa nova.
Nota para a inspirada releitura para o baião "Qui Nem Jiló" (Luiz Gonzaga), na fusão com o jazz ascendendo para a estrutura em rondó da ciranda.
Frenético, o andamento acelerado do maracatu na finalização de sua breve passagem pelo palco surge charmosamente permeado pelo sax tenor, em intenso diálogo com o trompete. Digna de menção a brilhante linha melódica desenvolvida pelo baixo, explorando desenhos e cromatismos nada óbvios em um groove brejeiro e cheio da velada sensualidade brasileira. Amazing!
Subindo ao palco por volta das 23h00, o Snarky Puppy inicia sua apresentação ao som de "Keep It Your Mind" uma melodia densa, pautada no jazz, com elementos de soul e um delicado toque caribenho da rumba na percussão. Melodiosa, a guitarra de Mark Lettieri explora cromatismos diferenciados, com o uso de pedais wah. Com graça, o teclado de Shaun Martin aponta a delicada junção entre os estilos.
Repleta de jovialidade e frescor, a canção "East Bay" apresenta inversões e breaks estratégicos, em um cadenciado gostoso. Explorando diferenciada linha no baixo de Michael League, onde percebemos o acento soul, aliado aos metais grooveiros e à guitarra malemolente, os teclados ambientam com charme a melodia. Em conversões precisas e nada óbvias, a bateria de Larnell Lewis mantém o andamento e a dinâmica da melodia com propriedade.
Apresentando a introdução standard dos metais, que ascendem para o blues abrindo-se para a suave linha do jazz pop, a melodia de "Coney Bear" traz em seu bojo a delicadeza do piano, em meio à firme condução da bateria de andamento cadenciado e ao grooveiro baixo em uma deliciosa melodia que alterna entre profundas variações dinâmicas um verdadeiro mosaico musical, muito bem cerzido pelo brilhantismo dos músicos. Perfeito!
No forte instrumental dos tambores latinos da salsa, muito bem embalados pelo teclado bem temperado que realiza a interessante correspondência com o diálogo entre guitarra e baixo, surge em "Cliroy" o auxílio na manutenção da cadência, e no andamento desenvolvido pelos metais. A melodia segue trazendo nas conversões ao refrão a criativa junção entre sopros e cordas, num misto de sofisticação. Bom momento do show!
Trazendo o acento quente da salsa latina nos metais para "Bet" o violonista Zach Brock, que brilha em dedilhados e cromatismos intensos, explora linha jazzística. Permeando com propriedade as conversões precisas da bateria, os metais surgem realizando a ponte entre os diversos movimentos, muito bem explorados nas variações dinâmicas. Great! Cadenciado na finalização, o andamento apresenta maior lentidão, bem pontuado pela suavidade na dinâmica instrumental. Quase trazendo uma aura de tardio romantismo, o último movimento da canção traduz a arrojada beleza dos metais, onde o sax de Bob Reynolds soa urgente, soberano.
De roupagem urban baseada no r&b com elementos de charm e rap no forte cadenciado da bateria, a criativa e interessante fusão de "Honiara" apresenta movimentos cíclicos em minimal na introdução, ascendendo para uma melodia densa, misteriosa, quase indecifrável nos acordes de notas suspensas do teclado, numa ambientação diferenciada, para no próximo movimento a suíte jazz trazer toda a jovialidade do diálogo dos metais. Mais um momento especial da apresentação.
Além destas canções, constaram do set list da apresentação canções como "Shofukan" e "Lingus".
|