Freshen Up: Paul McCartney em São Paulo
Publicada em 31, Mar, 2019 por Marcia Janini
Nos dias 26 e 27 de março, Paul McCartney realizou shows da turnê Freshen Up em São Paulo, seguindo para Curitiba em sua incursão pela América, após passar por Chile e Argentina.
Subindo ao palco do Allianz Parque às 20h45 para o segundo dia de apresentações na capital paulista, Sir Paul McCartney e banda iniciam a apresentação ao som de "A Hard Days Night", um dos maiores sucessos da carreira junto ao The Beatles.
Na sequência, a suave e descontraída "Junior´s Farm" em sua sequência linear, trazendo acentos do country rock na bateria cadenciada e nos ágeis dedilhados das guitarras e violão de aço em ascensão. Nota para o baixo bem pontuado de Paul, em perfeito contraponto à bateria.
Mais um grande hit surge na fidedigna execução de "Can´t By Me Love", com seu atemporal apelo dançante.
Carismático, McCartney interage durante toda a apresentação com seu público, arriscando pequenas frases em português, num carinho extra aos fãs.
Jazzística nos acordes das notas, em junção com as guitarras fluidas de acordes ágeis nas conversões ao refrão, "Letting Go" traduz nos backing vocals mais elementos das sonoridades black/soul, finalizando em jam session com a predôminância do sax tenor. Amazing!
Para a inédita "Who Cares" sintetizadores e efeitos da guitarra de Rusty Anderson em distorção antecedem o andamento soft da melodia, pautada na cadência do country rock. Vocalizes de Paul na conversão ao refrão determinam charme extra à melodia.
Traduzindo o forte apelo das jazz bands, surge "Got to Get Into My Life" pontuada pelo perfeito trio de metais em acordes altos nas conversões, em diálogo com a bateria firmemente conduzida de Abe Laboriel Jr. Vocal moderado ascendendo nas conversões marca de forma precisa a suave ousadia expressa na letra.
Mais um canção da nova safra, "Come On To Me" na cadência suavizada do soft rock apresenta elementos atuais do indie no andamento ralentado, bem pontuado pelos acordes dedilhados do teclado de Paul Wickens. Vocalizes apoiam a força jovial do refrão, emoldurados pela marcante presença do afinadíssimo trio de metais. Great!
Enérgica, a balada blues "Let Me Roll It" traduz na introdução acordes encadeados das guitarras em afinação alta. Predominante, a guitarra rítmica de Paul mantem firme a ralentada cadência, em contraponto à bateria. Nota para a participação do teclado de Wickens em ágeis acordes de notas suspensas, determinando diferenciada ambientação à melodia. Trazendo a proto-síntese do que se tornaria o hard rock 70´s, a bateria de vigorosas progressões cresce em intensidade dinâmica na correspondência aos solapadas riffs das guitarras na finalização da melodia. Wonderful!
Em "I´ve Got a Feeling", o andamento descontraído das guitarras na junção com o baixo em dub, acompanhados pela bateria cadenciada de efeito nas conversões, reforça a potência da letra. Instrumental poderoso traduz aura psicodélica em porção final da melodia.
Após sequência introdutória de notas dedilhadas no teclado de Wickers, Paul senta-se ao piano de meia-cauda iniciando os primeiros acordes de "Let´Em In" uma balada urgente, vigorosa. Apoiando a potência do refrão, o trio de metais em acordes altos traduz jazzístico charme à melodia.
Após a execução perfeita da linda "My Valentine", em raro e belo momento introspectivo da apresentação, surge "1985" traduzindo no piano bem temperado acentos da sonoridade ragtime, em moderna roupagem aliada ao marcante cadenciado da bateria de Laboriel e aos enfurecidos riffs das guitarras. Amazing!
Para a míni suíte "Maybe I´m Amazed" com acentos que remetem ao rock progressivo, arranjos vigorosos do teclado de notas suspensas de Paul Wickens permeiam a precisão técnica desta canção. Guitarras exploram nos ligeiros dedilhados campos harmônicos complexos, em resposta ao brilhantismo da bateria marcante em um dos grandes momentos do show.
Após a execução de "We Can Work it Out", em delicado tom de reminiscência surge "In Spite of All the Danger" a primeira balada gravada pelo The Quarrymen (pré-The Beatles), para em seguida o grande hit "From Me To You" em execução fidedigna determinar outro ponto alto do espetáculo. Great!
Trazendo o acento do banjo, McCartney explora tonalidades próximas ao ensolarado estilo havaiano para "Dance Tonight" entretanto, o momento especial ficou por conta da divertida coreografia realizada pelo carismático baterista Abe, em clima de total descontração. Funny!
Após a execução de "Love Me Do", outro grande sucesso da era Beatles, a delicada "Blackbird" é executada por Paul sobre plataforma construída apresentando telões em sua base e laterais com projeções de imagens planetárias, em acústica versão voz e violão para momento intimista do espetáculo, sob intensa participação do público. Lindo!
Após as perfeitas execuções da suave "Here Today", em sequência "Queenie Eye" antecede os grandes sucessos "Lady Madonna" e "Eleanor Rigby", em mais momentos de grande sinergia com o público.
Em sequência ao divertido treino de vocalizes com a platéia, Paul entoa os primeiros versos da suavizada "Fuh You", canção que flerta diretamente com sonoridades pop nos arranjos simples, que ascendem suavemente apoiando a força do refrão.
Com seu andamento ralentado e acento oriental "Being for the Benefit of Mr. Kite" segue em progressões psicodélicas de intensas variações dinâmicas nas conversões. Rica nos cíclicos movimentos em marcha das estrofes, a canção traduz nos arranjos minimal dos teclados de Paul Wickens a jovilidade expressa na letra com grande propriedade.
Em homanagem à George Harrison, a inusitada e criativa releitura para "Something", conta com a introdução de Paul no ukelele, traduzindo a suavidade das brisas havaianas para a emblemática melodia. Em sua porção média, a bateria ataca forte os acordes originais da canção, em vertiginoso crescendo, traduzindo os preciosos arranjos da canção. Great!
Após momento de descontração ao som de "Obla Di Obla Da", mais uma grande pérola da carreira de Paul junto ao The Wings, a impactante "Band on the Run" é executada em fidedigna versão, em um dos mais importantes momentos da apresentação, demonstrando um pouco da enorme genialidade artística de McCartney. Amazing!
Após a execução da satírica "Back in the USSR", em descontraído momento da apresentação, a suave "Let it Be" traduz nos arranjos precisos do piano conduzido por Paul, acompanhado pelo suave cadenciado da bateria de Laboriel ascendendo em ruflares vigorosos em resposta às guitarras altas, mais um grande instante da noite.
Visceral, a emblemática "Live and Let Die" encerra toda a energia do rock de linhas hard, em ponto que marca o impressionante trabalho da cenotécnica no intenso show pirotécnico em meio aos feixes e spots de lazer do privilegiado esquema de iluminação. No telão/ciclorama imagens de Londres em meio às explosões traduz o simbolismo das inovações e mudanças de nossos dias. Impactante!
Para "Hey Jude", uma das mais clássicas rock ballads de todos os tempos, participação maciça do público entoando em uníssono os versos da canção, em meio aos milhares de cartazes erguidos onde se liam os monossílabos "Na Na", fazendo referência aos vocalizes do refrão. Intenso e lindo momento de sinergia palco/platéia!
Na entrada para o bis canções como "Sgt. Pepper Lonely Hearts Club Band", "Helter Skelter" e Golden Slumbers" encerram mais uma perfeita e bem cuidada apresentação da turnê mundial de McCartney.
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