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HammerFall faz dos clichês do metal seus trunfos e volta a entregar aos fãs o que da banda se espera

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Publicada em 05, Dec, 2017 por Renata Penteado

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Ainda que de Gotemburgo, o estilo do HammerFall foge ao que se convencionou chamar de Gothenburg Sound, um pacote metal capitaneado por In Flames, Dark Tranquillity e At The Gates. Na real, seu power metal tem fortes influências do heavy metal tradicional, com letras que aproximariam a banda ao recém acontecido Dark Dimensions Folk Festival, com temática sobre guerreiros, espadas, reis e batalhas. O ponto é: o show no Carioca Club foi certeiro para os fãs da banda, mesmo que repleto dos clichês do universo metal e que apenas serviram para tornar tudo ainda mais divertido!

Abrindo a série de três datas no país (além de São Paulo, tocariam no Music Hall em BH, no dia seguinte, e no Armazém, em Fortaleza, no domingo) e sem banda de abertura, a apresentação começou pontualmente às 20 horas, com as entradas dos guitarristas Oscar Dronjak e Pontus Norgren, do baixista Fredrik Larsson e do baterista David Wallin. Joacim Cans seria o último a dar o ar da graça, pouco antes de cantar a acelerada Hector?s Hymn, perfeita para abrir o set. De imediato, saltava aos olhos o corpo retangular da guitarra de Oscar (um formato específico que só se tornaria óbvio mais tarde), além dos cabelos esvoaçantes e movimentos precisamente calculados para os pescoços de Oscar, Pontus e Fredrik e coros de "ô, ô, ô". Riders Of The Storm (não confundir com o clássico dos Doors) seria a seguinte, com mais clichês: exceção feita a David, os outros quatro músicos começaram a canção pulando ao mesmo tempo; depois Oscar, Pontus e Fredrik movimentavam seus instrumentos coreograficamente, no ritmo das batidas de David. Detalhes que ajudavam a compor a performance.

Com nuvens de gelo seco e riffs tão oitentistas quanto as roupas pretas de couro e jeans dos suecos, Bring It! abriria as faixas do álbum da turnê, Built To Last, lançado em novembro de 2016. Então, aos gritos de "HammerFall, HammeFall", Joacim deu boa noite aos "templários de São Paulo, Brasil", disse que se sentiam honrados e orgulhosos pela volta à cidade após "três longos anos" (em menção ao Free Pass Metal Festival de dezembro de 2014, na Audio Club, com abertura do Gotthard e Edguy como headliner), garantiu que seria uma noite inesquecível e, anunciando a próxima como uma canção de Chapter V: Unbent, Unbowed, Unbroken, o vocalista pediu ajuda a quem sabia a letra de Blood Bound. Em Any Means Necessary, Joacim interagiu com a platéia como Bruce Dickinson faz com os fãs do Maiden (em Hallowed Be Thy Name, por exemplo), e Renegade viria, com o marcante ronco de partida de motocicleta em seu começo e final, com seu título-refrão cantado por todos. A esta altura, Oscar usava uma camiseta com um "Just bring it" na frente (por que não tirou o colete em Bring It!? Teria feito mais sentido) e, ao seu final, Joacim se dirigiu novamente à platéia, em reverência: "Inacreditável, São Paulo!", então citou os vinte anos de estrada do grupo, brincando "Parecemos muito velhos por fora, mas, por dentro, nos sentimos tão jovens quanto vocês". Então o vocalista citou o aniversário de vinte anos de Glory To The Brave, comentou que algumas pessoas perguntam se eles vão tocar apenas suas músicas, afirmou que a negativa se justificava pelo novo álbum lançando e então anunciou Dethrone And Defy, justamente de Built To Last, enquanto Oscar abusava do guarda-roupa, em nova troca de camiseta, agora vestindo uma lisa preta.

Ao olhar para o palco, decorado apenas com um simples bandeirão de fundo, viam-se apenas duas latinhas de cerveja em seu lado esquerdo, algumas poucas garrafas de isotônico e muitas mais de água, mostrando que os tempos são outros. Porém, o que ainda permanece intacto, mesmo após quinze anos, é a animação demonstrada em Crimson Thunder, energética ao vivo e seguida pela música em que os backing vocals da dupla das guitarras mais fizeram diferença: Last Man Standing. Antes dela, o vocalista observou a grande quantidade de garotas em seus shows no Brasil, presentes pelo amor ao heavy metal. E antes de fechar a trinca mais bem recebida pelos fãs em toda a noite e incendiar de vez a casa com Let The Hammer Fall e suas evidentes influências de Judas Priest, Joacim perguntou quem estava vendo a banda pela primeira vez. Surpreso com a enorme resposta positiva, reagiu: "Parecem ser TODOS vocês e isto não é verdade. Deixe-me mudar a pergunta: quantos de vocês já viram o HammerFall antes?", obtendo nova e absurda resposta, ainda mais alta e afirmativa. Então Joacim concluiu, tirando onda: "Vocês estão gritando para qualquer coisa que eu disser". Tentando suceder a única faixa de Legacy Of Kings e ponto alto do show, Built To Last seria a próxima, com seu riff introdutório ainda mais poderoso ao vivo.

O que passou a se chamar Medley To The Brave foi apresentado da seguinte forma por Joacim: "Vocês não estão cansados, estão? Vocês se parecem tão jovens e bonitos daqui de cima, meus amigos. Querem saber? Agora vamos viajar no tempo, para o ano de 1997. Todos vocês se lembram de 1997? Acho que muitas pessoas aqui sequer tinham nascido em 1997, mas não importa porque vocês são o futuro do heavy metal. Iremos para a cidade de Gotemburgo, Suécia, onde cinco jovens rapazes, não tão jovens, mas ainda rapazes, gravaram um álbum que mudou totalmente suas vidas. A banda à qual me refiro, é claro, é o HammerFall. Agora levaremos vocês a um passeio de montanha russa ao reino mágico a que nos referimos como Glory To The Brave". A única polêmica foi saber se The Dragon Lies Bleeding, tocada quase por inteiro e a única com vocais no medley, era sua última parte ou a próxima canção já fora dele.

O fato foi que a bela Glory To The Brave sucedeu ao medley, o mais próximo de uma balada em todo o show e que teve momentos curiosos, como Oscar se ajoelhando e assim tocando por duas vezes, virado para o alto-falante e agora com sua terceira camiseta, e Joacim e Pontus sentados à beira do palco para terminar a canção, com o vocalista observando: "Esta é provavelmente a primeira vez em que as pessoas gritam quando nos sentamos. Nós, finalmente veteranos, nos sentando! Obrigado, Deus! Ou obrigado, Satã! Hail Satã!", enquanto fazia os evil horns, provocando risadas gerais. Dando fim à primeira parte do set, a portentosa Origins passou por cima de todos feito um rolo-compressor, especialmente por conta da performance do baterista, e Punish And Enslave fecharia os trabalhos precedida por elogios de Joacim ao público ("Vocês são inacreditáveis"), agradecimentos ("Obrigado por virem aqui esta noite") e pela apresentação dos membros da banda, com trechos engraçados, como Joacim explicando que Fredrik não viera para cá três anos atrás graças a "um severo caso de mal planejamento, pois, ele engravidou uma mulher" e Oscar classificado como "95% aço e 4% de ... nem sei o que". Então o guitarrista falou aos fãs que "Esta é nossa sétima vez no Brasil e em São Paulo e vocês são a razão pela qual voltamos todas essas vezes" e apresentou o vocalista como "o homem que sempre tem um plano, a voz que deixa vocês absolutamente sem escolha, o cara que leva vocês tão para cima", alcançando um agudo grito na hora do "cima", imitando o Joacim.

Voltando para o encore, antes do começo de Hammer High, o vocalista pediu para que todos cerrassem os punhos e os erguessem e, em seu final, o mistério acerca do formato da guitarra de Oscar (agora só de colete) se desfez: ao empunhar seu instrumento de ponta-cabeça, ele virava um martelo! Bushido, de (r)Evolution, seria a penúltima e antes de seu encerramento Joacim demonstrou gratidão: "Este é o jeito do guerreiro em São Paulo e assim é o heavy metal de acordo com o HammerFall. Obrigado, mais uma vez, por terem vindo aqui esta noite, por apoiarem o HammerFall e a revolução do metal, pois ainda há uma revolução e lembrem-se sempre disso! O metal sempre será forte". Finalizando, prosseguiu: "Meus amigos, infelizmente é hora de encerrarmos o show agora. Espero e acredito que nos veremos de novo, muito em breve, e não podemos deixar São Paulo sem...", não conseguindo terminar sua frase já que o riff inicial de Hearts On Fire estranhamente atropelou tudo, com Oscar mandando o colete às favas e tocando sem camiseta. Perto de seu final, Joacim tornou a agradecer aos "templários de São Paulo e do Brasil" pela noite. Enquanto Dreams Come True rolava na casa, a banda acenava, distribuía palhetas e posava para fotos, terminando um espetáculo de uma hora e cinqüenta minutos que saciou a boa lotação da casa, levando-se em conta o horário em uma noite de sexta, e seguiu o padrão de setlists mais recentes. De todos os clichês que constituem um show de metal, só faltou o clássico duelo do lado esquerdo contra o direito da pista, que teria se encaixado perfeitamente no verso de Crimson Thunder: "Follow the signs of the crimson thunder" ou em Let The Hammer Fall. Pouco importa, pois é justamente a sucessão de chavões e detalhes que formam o show do HammerFall, tornando-o rico tanto visual quanto musicalmente.

Setlist
01) Hector?s Hymn
02) Riders Of The Storm
03) Bring It!
04) Blood Bound
05) Any Means Necessary
06) Renegade
07) Dethrone And Defy
08) Crimson Thunder
09) Last Man Standing
10) Let The Hammer Fall
11) Built To Last
12) Medley To The Brave (com partes de Stone Cold, Steel Meets Steel, Unchained, HammerFall e The Metal Age, além de The Dragon Lies Bleeding, quase inteira)
13) Glory To The Brave
14) Origins
15) Punish And Enslave
Encore
16) Hammer High
17) Bushido
18) Hearts On Fire


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