Zé Ramalho Comemora 40 anos de Carreira em São Paulo
Publicada em 18, Jun, 2017 por Marcia Janini
Clique aqui e veja as fotos deste show.
Na noite do último sábado, o Espaço das Américas em São Paulo recebeu mais um show da turnê comemorativa dos 40 anos de carreira do cantor e compositor Zé Ramalho.
Iniciando por volta das 22h45 com a belíssima releitura para a clássica música de protesto de Geraldo Vandré "Para Não Dizer Que Não Falei das Flores", Zé Ramalho traz muita energia nesta versão e arranjos mais firmes e consistentes apoiado nos acordes preciosos do sax tenor.
Trazendo o acento do folk rock, "Tá Tudo Mudando" (versão para "Things Have Changed") e "Batendo na Porta do Céu" (versão para "Knockin´ On Heaven´s Door"), ambas do cantor e compositor Bob Dylan, surge o lado roqueiro do artista, rememorando com maestria e precisão em elaboradas releituras o álbum tributo gravado pelo compositor em 2008.
Em um momento bem descontraído da apresentação, trazendo modernos arranjos, o grande sucesso "Mistérios da Meia-Noite", surge com bateria suavizada e suaves acordes do clarinete permeando as conversões ao refrão.
Em fidedigna versão à gravação original "Entre a Serpente e a Estrela", grande sucesso e uma das mais emblemáticas letras do artista, traz a doçura do clarinete de Toti Cavalcante em contraponto ao vocal firme e urgente do cantor.
Voltando às suas raízes no frevo nordestino, Zé traz "Táxi Lunar", no delicioso e diferenciado "martelo" que caracteriza o estilo, bem marcado na impecável condução da bateria de Edu Constant, traduzindo o acento mourisco trazido pelos mascates árabes nos arranjos do sax tenor que surgem com modernidade e ousadia.
Na cadência do forró clássico "A Terceira Lâmina" traduz na estrutura em rondó e na "firula" de sua estrutura cíclica - tendo os tradicionais pífanos substituídos pelo clarinete, e a potente zabumba pela caixa clara da bateria -inovadores arranjos mantendo a métrica original da melodia, em um dos momentos mais significativos do espetáculo.
"Banquete de Signos" surge com nova roupagem, executada por instrumentos típicos da sonoridade nordestina. Nota para a beleza dos acordes da flauta piccolo, e para a força impressionante da zabumba de Zé Gomes marcando o compasso e sustentando o malemolente andamento.
"Eternas Ondas", reflexiva, com sua letra rebuscada e repleta de metáforas, aliada à linda melodia, antecede a autobiográfica "Avohai", que explora em sua métrica a rica fusão de estilos que caracteriza o cancioneiro popular do norddeste brasileiro, com influências na sonoridade mediterrânea trazida pelos mascates do Oriente Médio e estrutura cíclica lusitana. O triângulo permeia com graça e elegância a melodia. Grande momento do show relembrando um dos grandes momentos da prolífica carreira de Zé Ramalho.
Outro grande marco da carreira "Vila do Sossego", com o charmoso fraseado vocal rápido em meio à métrica entrecortada antecede a execução de um de seus maiores hits, a introspectiva "Chão de Giz", marcando momentos especiais na noite.
Com arranjos suavizados pela introdução da flauta piccolo e presença dos bongôs traduzindo ar latino "Garoto de Aluguel" surge, trazendo no baixo em dub de Chico Guedes delicioso swing, como contraponto à bateria cadenciada.
Rememorando com seu público mais um marco da carreira, com jazzísticos arranjos na introdução, "Admirável Gado Novo" surge abrilhantando a memorável apresentação.
Na sequência homenageando um dos grandes nomes do rock nacional, o baiano Raul Seixas, surgem versões cover para dois de seus grandes sucessos "Gita" e "Medo da Chuva".
Finalizando o show "Frevo Mulher" surge num descontraído convite à reflexão, demonstrando mais uma vez se tratar de atemporal canção, com arranjos modernizados em momento de grande beleza estética. Amazing!
|