Noite de clássicos em São Paulo: James Taylor e Elton John
Publicada em 11, Apr, 2017 por Marcia Janini
Na noite da última quinta-feira, 6 de abril, o Allianz Parque em São Paulo abrigou os shows de dois dos maiores nomes da música pop: Elton John e James Taylor.
Com lindo telão ciclorama de fundo e privilegiado esquema de iluminação, James Taylor sobe ao palco por volta das 20h00, trazendo "Up on the Roof", uma balada com elementos de bolero na percussão que ascende em variações dinâmicas vigorosas no refrão.
Apresenta Jim Parks subistituindo-o na guitarra melódica, por haver fraturado o dedo.
Segunda canção apresentada "Everyday", na cadência contagiante do soul, traz o afinado trio de backing vocals como interessante diferencial... Em inspirada performance, Taylor apresenta perfeição estética e técnica em seus vocais.
Com Jim Cox no piano e Mike Landau, na guitarra ritmica, "Walking Man", o emblemático clássico na cadência do folk rock, traz o timbre límpido e aveludado de James em mais um grande momento da apresentação.
A inédita "Today, Today, Today" traz o inconfundível apelo 70´s, no andamento suave e contagiante do country rock determinados pelo violino de Andrea Zonn que permeia com graça a canção, aliados à blueseira gaita executada por Taylor.
Mais uma balada na cadência western, "Country Road" apresenta inspirados arranjos das cordas, ainda com a presença do violino em interessante correspondência ao bem executado piano. Solo da guitarra melódica na conversão ao refrão sobressai em um belíssimo momento da performance individual de Jim Parks. A finalização determinada pela firme condução da bateria em evoluções nada óbvias demonstra a grande destreza e versatilidade de Steve Gadd.
O trompete executado por Walter White, um dos grandes nomes do jazz, traz mais um grande diferencial à canção, num dos melhores momentos do show.
A doce "Don´t Let Me Be Lonely Tonight" surge em mais um inspirado momento da performance de Taylor, onde aos perfeitos vocalizes se alia a beleza do sax tenor na conversão ao refrão.
A homenagem ao Brasil "Only a Dream in Rio" surge com letra traduzida no telão ciclorama, em uma inspirada ode, repleta de simbolismo e licença poética, com inegável acento latino na suave linha melódica, remetendo longemente à rumba. Ponto alto e emocionante do show!
A clássica "Carolina in My Mind" (1968), surge como um dos mais especiais momentos do show, com James dividindo os vocais com seu afinadíssimo trio de backing vocals na introdução. Com suave andamento da percussão e violão, esta canção traduz momento intimista à apresentação.
A alegre "First of May" traz a sonoridade da salsa caribenha na finalização, num belíssimo trabalho conjunto do trio de metais e das madeiras, por meio da elegância da flauta transversal. Momento de descontração...
Após a suavidade introspectiva de "Handy Man", versão para o clássico de Jimmy Jones , "Your Smiling Face" surge trazendo a afinação standard dos metais em uma melodia de cadência constante, na interessante fusão entre jazz, soul e sonoridades latinas, numa composição arrojada e repleta de bons recursos... Great!
"You´ve Got a Friend", composição e sucesso de Caroline King, surge em mais um aguardado instante de sua apresentação, seguido pelo igualmente belo sucesso "Shower the People", explorando temática romântica de forma elegante e suave, fugindo ao lugar comum, apresentando ainda na finalização a divisão de vocais com Jim Parks, nos perfeitos e inspirados vocalizes soul.... Great!
A delicada "Fire and Rain" traz mais um momento de suavidade e graça à apresentação.
A blueseira "Steamroller" traduz maior vitalidade ao show por meio de seu elegante andamento ralentado, criando aura de fina sintonia com seu público. Na finalização, em clima de jam session, o teclado Hammond explora sonoridades medianas, em incrível solo, seguido pelo solo de guitarra em riffs alucinantes. Excelente momento do show!
Nos instantes finais da apresentação, "Mexico" traduz em seu andamento pop acentos da latinidade dos mariachis por meio do trio de metais em contraponto perfeito à bem conduzida bateria e percussão, em evoluções incomuns, traduzindo-se em inusitadas variações dinâmicas.
Despedindo-se do público "Shed a Little Light" apresenta andamento pautado no jazz, em uma vigorosa linha melódica, que alia ao pop sonoridades clássicas.
Subindo ao palco às 22h00, Sir Elton John já inicia sua apresentação com a roqueira "The Bitch is Back", cheio de energia e vitalidade.
Seguindo cadência blueseira, na fusão com o pop, "Bennie and the Jets" traz no andamento constante e na interessante simbiose entre seu piano, repleto de cromatismos explorando sonoridade em ragtime, e bateria cadenciada um privilegiado instante da apresentação.
Um de seus grandes sucessos "I Guess That´s Why The Call It The Blues" surge em versão fidedigna à original, com suaves modulações diferenciadas no vocal de Elton. Grande momento!
A clássica balada "Daniel", marco nos anos 70, seguida por "Someone Saved My Life Tonight", de andamento ralentado na introdução ascendendo para grande peso dinâmico carregado de dramaticidade, determinada pela densidade do teclado auxiliar em notas suspensas e pelas conversões precisas da bateria cadenciada, marcam grandes momentos da apresentação.
Apresentando uma das composições da banda que o acompanha, Elton interpreta a blueseira "Philadelphia Freedom", trazendo o encanto das big bands do delta do Mississipi em roupagem moderna, atual e deliciosamente dançante!
Após solo de Elton ao piano, executado com a maestria e o carisma deste grande músico e compositor, o grande sucesso "Rocket Man" é executado com todas as nuances de sua versão clássica, para deleite do público, que aconpanhou enlevado, apesar da torrencial chuva que se abateu sobre o estádio.
Em brilhantes instantes da performance individual de Elton, os grandes hits "Your Song", "Skyline Pigeon" e "Don´t Let the Sun Go Down on Me", numa homenagem ao cantor George Michael recentemente falecido, trazem toda a magia e romantismo refinado das canções em execuções primorosamente executadas.
Nesta apresentação, que privilegiou canções de todas as fases de sua carreira, percebemos todos mais uma vez a enorme importância deste artista para a história da música. De rockabilly, jazz, blues e soul, até às dançantes canções new wave 80´s como "I Still Standing" o público pode apreciar o astro em todas suas faces e em todo seu esplendor. Amazing!
Além destas canções, sucessos como "Tiny Dancer", "Goodbye Yellow Brick Road", "Saturday Night´s Alright for Fighting" e "Burn Down the Mission" constaram do repertório do show.
Finalizando o show, para o momento do bis, foram reservados "Candle in the Wind" e "Crocodile Rock".
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