Skol Sensation: Sensações da Moderna Música Eletrônica
Publicada em 11, Apr, 2009 por Marcia Janini
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No último sábado, 4 de abril, o Palácio das Convenções do Anhembi em São Paulo, rendeu-se ao charme e agito de uma nova concepção nos festivais de música eletrônica, o Skol Sensation.
Com público estimado em cerca de 40 mil pessoas, o evento contabilizou mais de seis horas de boa música, inacreditáveis performances e intensas “viagens” no universo da iluminação e áudio-visual. Fantástico!
Na abertura, bela mensagem de boas vindas e apresentação da concepção do evento, com excelentes recursos da iluminação, jogos de fogos e canhões localizados em pontos estratégicos disparando fitas prateadas. Chafarizes posicionados na base da estrutura auxiliaram a luxuosa ambientação, realizada em tons clean. Telões na base das cabines de som e posicionados em vários pontos exibiram imagens bem selecionadas, num festival de rara beleza, verdadeira celebração da técnica e modernidade, agradando de forma arrojada aos sentidos.
Durante o evento, performers trajando elaborados e ricos figurinos que sugeriam temas paradisíacos, como anjos, pássaros e outros seres alados, realizaram atuações em verdadeiros shows coreográficos, com graça, suavidade e leveza. Nota para os fantásticos performers em pernas de pau, que contribuíram com suas habilidades e constante carisma na construção da ambientação do evento. Brilhante!
Estrutura de palco em formato circular, de arena, permite maior visibilidade e interação do público, podendo ser observada de vários ângulos, favorecendo também as performances dos DJs, visto que a plataforma giratória onde se inseria a cabine de som possibilitou mobilidade em 360 graus, girando também nos sentidos horário e anti-horário a esparsos períodos de tempo.
Estrutura de árvore central representava atmosfera surrealista, permitindo várias interpretações com galhos que remetiam a estruturas atômicas (ou seriam neurônios?) sustentando as gambiarras e spots de iluminação, além de outros equipamentos de efeito, como máquinas de fumaça e caixas acústicas dispostas em cascatas, formando o tronco da árvore, sacada genial, ousada e criativa. Realmente um show de boa música e grandes efeitos visuais.
Acrobatas realizaram belas performances no tecido, trazendo para o evento o colorido e a alegria circenses, agradando bastante ao público, traduzindo-se em charme e inovação, onde à técnica e ao charme aliaram-se a ousadia e o inusitado.
A cada mudança de comando das pick-ups, telões introduziram as próximas atrações com mensagens e imagens projetadas nos telões, além de performances positivamente coreografadas.
Gui Boratto inicia set na cadencia viajante da fusão entre trance e house, com suaves influencias da disco 70’s. Dançante e criativo. Breaks estratégicos e conversões bem realizadas reforçam poder das construções melódicas com pitadas esparsas de elementos do minimal e technopop. Sonoridade moderna sem abandonar as raízes do eletrônico... Interessante.
Apresentação torna-se mais introspectiva gradualmente, explorando com maior ênfase os recursos do minimal e techno, suavizados pelas conversões precisas e recursos dos samplers e sintetizadores.
Finalizando o bem escolhido set, o DJ explorou com propriedade a sonoridade suave do trance, em consonância com o peso do techno, em batidas vigorosas e precisas, no excelente encerramento de sua brilhante participação no evento.
O DJ Erick E apresentou set list variado, com sonoridades que remeteram ao techno com ligeiros elementos de minimal e electro e tendências aproximadas ao house.
Apresentação verticalizou nas boas viradas e conversões, onde vários estilos e influências foram pontuados de maneira magistral, numa inspirada apresentação do DJ, que se utilizou da predominância de batidas vigorosas do techno aliadas a samplers de efeito suavizador, numa bem cuidada e dançante participação no evento, sem decair no óbvio ou repetitivo. Excelente!
Notou-se certa ambientação nostálgica em alguns momentos da apresentação por meio de samplers de características melodiosas, remontando ligeiramente ao house 90’s, especialmente nos momentos de conversão. Estratégicos, contaram com intensa participação do público em intensos momentos de sinergia palco/platéia.
DJ explorou bem os recursos e efeitos sonoros das melodias, mesclando com técnica e precisão sonoridades de maior peso a samplers suavizados, permitindo maior interação do público, numa das apresentações mais ovacionadas da noite.Sonoridades e tons com reforço dos graves, em progressão ascendente, além de grandes pontos de verticalização, ditaram a tônica desta celebrada apresentação. Fantástico!
Outro interessante momento surgiu na junção da base techno da melodia à suavidade da letra e vocais femininos em timbre suave e tonalidade ‘ethereal’, finalizando sua bela apresentação.
“Put your hands up for Detroit” inicia set de Fedde Le Grand que mixou seu maior sucesso, na talvez mais aguardada apresentação da noite.
Utilizou-se largamente de samplers de efeito e sintetizadores, além de efeitos de percussão, remetendo suavemente à sonoridade latina em apresentação cheia de vitalidade, alegria e frescor, com boas variações sonoras rompendo a linearidade do andamento com precisão e personalidade.
Trance predomina no segundo momento da apresentação, um tanto menos ‘agitada’, entretanto, nem assim, menos dançante ou criativa, apenas com maior predominância dos samplers. Belas variações de andamento e cadência sem perder o tom. Esparsos skratches auxiliam na construção da bem realizada mixagem de base sonora que impressiona pela inconstância e criatividade, além da ousadia expressa pelo DJ, fundindo sonoridades distintas em excelentes conversões. Genial!
O momento Skol Sensations Megamix, apesar de curto, foi bastante verticalizador, com predominância da cadência do eletro, finalizando com o clássico do grunge “Smells Like Teen Spirit”, no momento mais pop rock de todo o evento, demonstrando uma vez mais que a fusão de estilos do rock e eletrônico realiza uma boa sintonia, agradando em cheio aos presentes.
A próxima atração da noite, o DJ Ferry Corsten explora a fusão da sonoridade house e electro em canções onde ao peso das construções melódicas aliam-se a suavidade das letras e vocais, numa apresentação linear, com esparsos reforços de grave.
Em segundo momento, o tom dançante e viajado de tendências minimal, em contraste com o electro e o techno, apresenta cadência constante, quebrada por estratégicos breaks de efeito numa apresentação interessante, suave sem perder o peso e a harmonia da cadência. Boas conversões e bela utilização dos recursos de samplers e sintetizadores. Admirável, com excelente finalização.
Introduzindo a atração seguinte, o charme da disco music 70’s marca sua presença, realizando referencial ao início das vertentes do eletrônico, num resgate à memória da música, numa original idéia, por meio do clássico imortalizado por Donna Summer “I Feel Love”, numa bela alusão à temática do festival.
Mark Knight pontua seu set list na cadência evolutiva do techno, com elementos de trance, minimal e electro numa inusitada e criativa fusão de estilos, bem pautada por conversões corretas e instigantes nesta celebrada e aguardada apresentação, dançante e com muitos pontos de verticalização.
Em posterior momento da apresentação, voltada às vertentes do electro, o DJ realizou excelente mixagem de seu maior sucesso de forma intensa, salpicado por elementos do jazz determinados por samplers de sax barítono, numa cadência viajante, inspirada, deliciosa, contagiante! Na finalização, predominância do house com influências no techno, trance e electro, com suaves pinceladas de minimal. Incrível!
Mason inicia seu set com fortes influências retrô, num dos mais diversificados e originais sets da noite, pautando-se pela contagiante energia de sampler do clássico do house 90’s “Strike It Up”. Bem pontuado na cadência do trance com influências de technopop e synthpop, além de elementos extraídos do hip hop, rap e demais variantes da street music. Genial!
Numa progressão a cada virada das pick-ups mais criativa, o DJ explorou recursos retrô sem menosprezo da modernidade e ousadia que somente um set tão variado poderia apresentar, com utilização de bons recursos de efeito como skratches e variações no andamento, traduzindo toda a energia de um bem elaborado set. A perfeição entre técnica e forma sentidas em especial na mescla de samplers EBM e techno 80’s, traduziu-se numa criativa mostra de sonoridades próximas ao industrial, com excelente seleção de material que revelou intenso trabalho de pesquisa musical do inspirado DJ. Simplesmente ótimo!!!
Assim terminou a primeira edição do Skol Sensations, um festival que marcou pela ousadia e preciosismo das formas e estilos abordados em contraponto com temática tão em voga, explorada de forma totalmente aquém da esperada, revelando-se ainda mais criativa e inusitada.
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