Laura Rizzotto lança Made In Rio
Publicada em 04, Aug, 2011 por Musicao
Não estranhe se as palavras acima soarem um tanto familiares. Compostas em português por Herbert Vianna, foram um enorme sucesso no Brasil inteiro na voz de Ivete Sangalo. Pois o que pouca gente sabe é que a balada também agradou um grupo de adolescentes de Edina, cidade no estado de Minnesota, nos Estados Unidos. Com a ajudinha de uma amiga brasileira, que fez uma versão da canção para o inglês, eles entenderam todo o romantismo por trás da letra, e até cantaram junto.
Enquanto a maioria das meninas de sua idade passava a tarde trancada no quarto, traduzindo para o português os sucessos americanos, Laura Rizzotto tomou o caminho oposto. Aos 11 anos, a carioca foi morar com a família – pai, mãe, irmão mais velho e irmã caçula – nos Estados Unidos. Tinha tanto orgulho (e saudade) das canções do Brasil que decidiu fazer versões de suas favoritas – além de "Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim", traduziu "A Lua que Eu te Dei", também de Herbert, e "Assim Caminha a Humanidade", de Lulu Santos. "Acho as letras tão lindas... Queria que meus amigos americanos as entendessem", diz Laura.
As versões para o inglês foram apenas a porta de entrada da jovem no mundo da composição. Aos 12, ela foi além e escreveu sua primeira letra própria, "The Reason Why". Ela e todas as outras 34 que se seguiram são autobiográficas – sim, aos 17 Laura já tem 35 canções no currículo, muitas delas em parceria com Lucas, o irmão mais velho, que colabora nas melodias. "Não escrevo para os outros, escrevo para mim. Mas é claro que espero que um monte de gente se identifique", conta a jovem, que, desde que começou a compor, aposentou seu diário. "Minhas canções cumprem essa função e, melhor do que tudo, nunca vão se perder. Está tudo ali, registrado para sempre. Além disso, meus pais nunca precisaram, nem vão precisar, gastar um tostão em terapia."
O namoro de Laura com o mundo da música, no entanto, começou bem antes da primeira composição. Ela teve a certeza de que queria ser cantora profissional quando viu um show de Sandy aos 7 anos. "Fiquei fascinada com ela no palco", lembra. Aos 8 começou a estudar piano – tem uma avó pianista – e balé clássico. Aos 9, no colégio, pediu para a diretora reservar o auditório e organizou uma apresentação da turma. Colocou até o zelador da escola para fazer a iluminação. "Eu queria tocar flauta, piano, cantar, criar a coreografia, fazer tudo ao mesmo tempo. Colocamos Sandy, Lulu Santos e Kid Abelha no repertório, mas ainda não conseguia o microfone só para mim, não fiz nenhum solo", lembra.
A cantoria, naquela época, ficava restrita ao chuveiro e às viagens de carro com a família para Angra dos Reis e Visconde de Mauá. "Meus irmãos e eu íamos no banco de trás e, numa certa altura do caminho, eles sempre soltavam aquele 'Ai, Laura, muda o disco, por favor'. Eu cantava Sandy infinitas vezes".
Na infância, Laura era fã de Sandy, mas a cantora nunca chegou a ser uma influência musical para ela. Entre as 800 canções em seus dois iPods – um deles está sempre na bolsa – há sucessos de Shania Twain, OneRepublic, Avril Lavigne, Joss Stone, Seu Jorge, Ivete Sangalo e Paralamas do Sucesso, alguns de seus artistas favoritos.
No último ano do colégio, Laura Rizzotto estuda piano até hoje. Está no quinto ano da escola de música da UFRJ, passa pelo menos dez horas por semana à frente do instrumento e nele já prepara sua apresentação no teste de habilidade específica do vestibular de música da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, a UniRio. "Vou prestar outros vestibulares, mas é lá que quero estudar composição", diz Laura. Já o balé a cantora largou em 2009, três anos antes de se formar. "Passei dos 8 aos 15 anos na Escola de Dança Maria Olenewa, do Theatro Municipal do Rio. Parei porque queria mesmo é cantar. Mas o balé foi ótimo, porque me deu disciplina, postura, noção de espaço e movimentação no palco."
A carreira de cantora começou a ficar mais séria nos últimos dois anos. No meu aniversário de 15 anos, pedi um clipe de presente para o meu pai. "Gravei 'When I Look in Your Eyes' num estúdio, com arranjo profissional, e fizemos o vídeo num esquema bem caseiro. Depois disso fiz dois shows no Bar do Tom (no Leblon) e em junho de 2010 cantei na Modern Sound. Foi neste dia que um diretor da gravadora Universal me ouviu cantar. Para muitas meninas de tão pouca idade, assinar um contrato já poderia ser a certeza de que tudo a partir dali estaria mais do que garantido. Mas Laura tem os pés no chão: "Sei que ainda nem comecei. Tenho de ralar muito ainda para conseguir tudo o que quero". Alguém duvida que ela vai chegar lá?
<b>MÚSICAS</b>
Muitas garotas escancaram num diário seus sonhos, suas dúvidas, seus amores. Outras preferem desabafar ou pedir conselhos às amigas. Desde que compôs sua primeira música, Laura Rizzotto percebeu que seria assim, escrevendo, que colocaria para fora e dividiria com os outros tudo o que ocupa seu coração e sua mente.
Já são 35 composições, muitas delas em parceria com Lucas, o irmão. "A grande maioria é autobiográfica. E, como sou romântica, elas também são", diz a cantora. Laura quase sempre escreve em inglês – "no meu processo criativo, as palavras fluem mais naturalmente em inglês, porque aprendi a compor fazendo versões em inglês de hits brasileiros, quando morava nos Estados Unidos. Queria que meus colegas americanos entendessem a poesia de nossas canções. De tanto traduzir para os gringos, acabei aprendendo a me expressar musicalmente, como artista, em inglês". Na maioria das vezes, só depois que as letras em inglês estão prontas é que Laura verte para o português. O resultado final, em alguns casos, são três versões diferentes: uma em inglês, outra em português e uma terceira mesclando as duas línguas.
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