Os Mutantes (sexta)
Dia: 08/06/2007 (Sexta-feira) - Às: 22:00 até 23:30
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O palco do Citibank Hall vai ganhar a atmosfera do Tropicalismo nos dias 08 e 09 de junho. Sérgio Dias, Arnaldo Baptista, Dinho Leme e Zélia Duncan prometem repetir o sucesso do show do Barbican Theatre, em Londres, com os clássicos dos Mutantes.
Quando começaram a circular as notícias de uma volta dos Mutantes, uma justificável apreensão rondou algumas cabeças. Afinal, eram mais de três décadas de silêncio, muita água rolara desde então e, como aquele velho e barbudo filósofo alemão decretara no século XIX, "a História só se repete como farsa".
Dúvidas e questionamentos que foram musicalmente atropelados no concerto que o grupo, em sua versão século XXI, fez no dia 22 de maio de 2006, no Barbican Theatre, em Londres, registrado no CD duplo e no DVD lançado pela Sony BMG.
Naquela noite, momentos antes de entrar no palco, Sérgio Dias revelou, numa entrevista incluída no documentário que está entre os extras do DVD, o que sentia: "Hoje é o primeiro dia do resto de minha vida". Enquanto seu irmão, Arnaldo Baptista, sintetizou o processo de renascimento que estava prestes a se concretizar: "É uma espécie de reconstrução. Para construir, tem que demolir antes. Então estou contente!".
Tão contentes estão os muitos fãs dos Mutantes espalhados em diversas partes do mundo. E como também comentou Sérgio, o melhor dessa história é que "isso tudo aconteceu por combustão espontânea". Eles voltam realmente para atender um desejo coletivo. E que, a partir da década de 90, ganhou o coro de figuras influentes da cena pop rock, como David Byrne (responsável pelo lançamento da primeira coletânea oficial da banda nos EUA), Kurt Cobain (o finado líder do Nirvana era um admirador confesso), Beck, Sean Lennon (que fez a ilustração da capa de "Tecnicolor", o disco em inglês, gravado na França em 1970, mas que só foi editado em 1999) e mais recentemente o cantor e compositor Devendra Banhart. Devendra, aliás, assim que soube do concerto dos Mutantes que fazia parte da mostra "Tropicália A revolution in Brazilian culture" ligou para os produtores do Barbican pedindo para participar, nem que fosse carregando o equipamento do grupo, e acabou, junto ao seu guitarrista, Noah Georgeson, fazendo vocais em "Bat macumba".
Grupo fundamental para o surgimento da Tropicália, os Mutantes contribuíram com sua veia roqueira à geléia geral brasileira produzida por, entre outros, Tom Zé, Gilberto Gil, Caetano Veloso, o maestro Rogério Duprat e o artista plástico Rogério Duarte. Nos discos que gravaram entre 1968 e 1972 os Mutantes criaram uma original salada de rock, samba, músicas caipira e nordestina e concreta e psicodelismo. E tão à frente de seu tempo que ainda hoje soa inovadora.
As 21 músicas apresentadas no Barbican Theatre funcionam como um melhor dos Mutantes. Da abertura com a orquestral "Don Quixote" - que, em fins de 1968, também abriu o segundo disco do grupo ao tema que fecha o show, "Panis et circenses", parceria do grupo com Gil e Caetano que fez parte do histórico disco coletivo "Tropicália ou panis et circenses". Entre essas duas, muitos outros clássicos: "Caminhante noturno", "Tecnicolor" (em inglês, canção-titulo do disco que ficou inédito por três décadas), "Baby" (a música de Caetano, mas na versão em inglês que eles fizeram para o disco "Jardim elétrico", em 1971), "Top top", "Fuga nº II", "Le premier bonheur du jour" , "2001", "Balada do louco", "Minha menina" e "Bat macumba" (esta, com a já comentada participação de Devendra Banhart).
A calorosa resposta do público londrino que lotou esse show é também a prova de que os três meses de ensaios, com muito trabalho e paixão, operaram o que parecia um milagre: os Mutantes voltaram.
Fiéis ao nome que escolheram nos anos 60, ele souberam se reinventar. Arnaldo Baptista (voz, orgão e leslie vox), Sérgio Dias (voz, guitarras, violão, trompa e produtor do projeto) e Dinho Leme (bateria) esses três, da formação original que gravou os principais discos do grupo ganharam o reforço da cantora Zélia Duncan (fã desde a adolescência e que se transformou numa nova mutante, incorporada oficialmente à banda) e de mais seis músicos: Simone Soul (percussão), Henrique Peters (tecladas, flauta doce e vocal), Vinícius Junqueira (baixo), Vitor Trida (teclados, flauta, viola, cello e vocal), Fábio Reco (vocais e percussão) e Esmérya Bulgari (vocais e percussão).
Zélia, cantora e compositora com uma carreira solo de sucesso e que já tinha participado de discos e composto em parceria com a mutante original Rita Lee teve um papel importante para a volta do grupo. Ela não tentou substituir Rita, e sim contribuir com sua personalidade para um mesmo e ao mesmo tempo novo grupo. Como Sérgio conta, assim que se confirmou a volta havia a cobrança de uma figura feminina: "Pensei na Zélia pela energia dela. O barato era justamente esse, não ser igual. Os Mutantes não podiam voltar exatamente como eram". E Arnaldo completa: "Agora a gente vai fazer um som mais fluido, mais sangue, mais quente". Zélia diz se sentir como um fio condutor, ali no meio, entre os irmãos Dias Baptista: "Fico muito emocionada vendo a relação deles".
Após a estréia londrina, o grupo fez uma igualmente concorrida turnê americana, tocando em cidades como Nova York, Los Angeles (no Hollywood Bowl, para um público de 18 mil pessoas), São Francisco, Seattle, Denver, Miami e Chicago (headlining para 22.000 pessoas) (participando do Pitchfork Music Festival, hoje o principal festival do rock alternativo nos EUA). Agora, com o CD e o DVD lançados, eles programam um disco de inéditas para esse ano. O sonho recomeçou. Os Mutantes estão de volta.
Antônio Carlos Miguel (que é fã dos Mutantes desde 1968)
Citibank Hall
Al. dos Jamaris, 213
Moema - São Paulo - SP
www.citibankhall.com.br
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